Hoje, nesse espaço de seus dias que por vocês me foi gentilmente cedido, trago um cantor pouco conhecido do grande público brasileiro, mas que já é consagrado, há muito tempo, pelo público “hispano hablante”. O espanhol Joaquín Sabina é conhecido por sua veia poética incontestável e por uma linguagem musical que mistura influências regionais e pessoais com o rock’n’roll, o blues etc.
Os versos de Sabina são densos, porém não sérios. Brinca com as palavras, fala as verdades na cara e, diversas vezes, pode ser considerado brega por parte do público. Mas tudo isto sem medo.
Inimigo declarado de alguns músicos argentinos consagrados com quem já manteve boas relações, tal qual Charly García e Fito Páez, a ambos dedica a canção Cuando me hablan del destino do seu disco Dimelo en la calle (2002), na qual afirma que quando estava encarando a morte de perto “Charly não teve um detalhe, nem Fito um ‘Que necessitas?’”. Com Fito, inclusive, chegou a gravar o álbum Enemigos Íntimos por meros fins comerciais.
Sabina não esconde seu gosto por dinheiro, mulheres, bebida e drogas. E com todos quatro prazeres teve problemas. No entanto, afirma que atualmente, aos 62 anos, após ter um acidente vascular cerebral e passar alguns anos em depressão: “de las drogas solo siento nostalgia".
Além de ser músico também é autor de 12 livros, incluindo alguns de poesias, que sinto não poder comentar muito por não ter tido acesso ainda.
Disponibilizo aqui um grande sucesso seu: 19 días y 500 noches, que encabeça o álbum homônimo lançado em 1999. A explicação para o título vêm de um fora homérico levado pelo autor e que diz em sua letra: “demorei para esquecê-la 19 dias e 500 noites”. Explica que os dias tristes até passaram rápido, mas à noite é que homem se sente só verdadeiramente.
Bem, vou deixar o falatório de lado para que vocês saquem o som e as letras por conta própria. Ponho abaixo também a tradução. Mais informações em seu site oficial: www.jsabina.com ou deem-se o trabalho de buscar no Google!
19 Días y 500 Noches Lo nuestro duró lo que duran dos peces de hielo en un güisqui on the rocks, en vez de fingir, o estrellarme una copa de celos, le dio por reír. De pronto me vi, como un perro de nadie, ladrando, a las puertas del cielo. Me dejó un neceser con agravios, la miel en los labios y escarcha en el pelo. Tenían razón mis amantes en eso de que, antes, el malo era yo, con una excepción: esta vez, yo quería quererla querer y ella no. Así que se fue, me dejó el corazón en los huesos y yo de rodillas. Desde el taxi, y, haciendo un exceso, me tiró dos besos... uno por mejilla. Y regresé a la maldición del cajón sin su ropa, a la perdición de los bares de copas, a las cenicientas de saldo y esquina, y, por esas ventas del fino Laina, pagando las cuentas de gente sin alma que pierde la calma con la cocaína, volviéndome loco, derrochando la bolsa y la vida la fui, poco a poco, dando por perdida. Y eso que yo, paro no agobiar con flores a María, para no asediarla con mi antología de sábanas frías y alcobas vacías, para no comprarla con bisutería, ni ser el fantoche que va, en romería, con la cofradía del Santo Reproche, tanto la quería, que, tardé, en aprender a olvidarla, diecinueve días y quinientas noches. Dijo hola y adiós, y, el portazo, sonó como un signo de interrogación, sospecho que, así, se vengaba, a través del olvido, Cupido de mi. No pido perdón, ¿para qué? si me va a perdonar porque ya no le importa... siempre tuvo la frente muy alta, la lengua muy larga y la falda muy corta. Me abandonó, como se abandonan los zapatos viejos, destrozó el cristal de mis gafas de lejos, sacó del espejo su vivo retrato, y, fui, tan torero, por los callejones del juego y el vino, que, ayer, el portero, me echó del casino de Torrelodones. Qué pena tan grande, negaría el Santo Sacramento, en el mismo momento que ella me lo mande. Y eso que yo, paro no agobiar con flores a María, para no asediarla con mi antología de sábanas frías y alcobas vacías, para no comprarla con bisutería, ni ser el fantoche que va, en romería, con la cofradía del Santo Reproche, tanto la quería, que, tardé, en aprender a olvidarla, diecinueve días y quinientas noches. Y regresé... | 19 Dias e 500 Noites O nosso durou O que duram dois peixes de gelo Em um uísque on the rocks, Em vez de fingir, Ou estalar-me uma taça de ciúme, começou a rir. De repente, me vi Como um cão de ninguém Latindo, às portas do céu. Me deixou uma nécessaire com queixas, O mel nos lábios E geada no cabelo. Tinham razão minhas amantes nisso de que, antes o mau era eu, Com uma exceção: Esta vez Eu queria querê-la querer E ela não. Então ela se foi Me deixou o coração Nos ossos E eu de joelhos. Desde o táxi, E fazendo um excesso Me jogou dois beijos ... Um por bochecha. E voltei À maldição Da gaveta sem suas roupas, À perdição De bares de taças, Às cinderelas De saldo e esquina E por essas vendas Do fino Laina, Pagando as contas De gente sem alma Que perde a calma Com a cocaína, Ficando louco, Desperdiçando A carteira e a vida Fui, pouco a pouco, Dando-a por perdida. E isso porque eu, Para não sobrecarregar com Flores a Maria Para não assediá-la Com minha antologia De lençóis frios E quartos vazios Para não comprá-la Com bijuterias, Nem ser o fantoche Que vai em romaria, Com a confraria da Santa Repreensão, Tanto a queria, que demorei em aprender a esquecê-la, dezenove dias E quinhentas noites. Ela disse: Olá e adeus E o bater a porta tocou Como um ponto de interrogação Suspeito que, assim, Vingava-se, por meio do esquecimento, Cupido de mim. Eu não me desculpo, Para quê? se você vai me perdoar porque já não lhe importa ... Sempre teve a testa muito alta, A língua muito longa E a saia muito curta. Me abandonou Como se abandonam Os sapatos velhos, Destroçou a lente Dos meus óculos para longe Tirou do espelho Seu vivo retrato, E fui, tão toureiro, Pelos becos do jogo e do vinho Que, ontem, o porteiro, Me expulsou do cassino De Torrelodones. Que pena tão grande, Negaria o Santo Sacramento, No mesmo momento Que ela me mande. E isso porque eu, Para não sobrecarregar com Flores a Maria Para não assediá-la Com minha antologia De lençóis frios E quartos vazios Para não comprá-la Com bijuterias, Nem ser o fantoche Que vai em peregrinação, Com a fraternidade da Santa Repreensão, Tanto a queria, Que demorei em aprender A esquecê-la, dezenove dias E quinhentas noites. E regressei... |
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