Viajantes Interplanetários

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Extra! Tchecos em marte:

PALAVRAS PALAVRAS PALAVRAS – Karel Sis (*).

As palavras sem pátria
Voam de boca em boca
Entram numa orelha e saem em outra.

As palavras sem dono
Vagam nos periódicos
E em cada esquina
Levantam sua pata.

As palavras dos livros
Estão contentes, negras, sobre o branco
Vistas em folganças
Ocultas da brasa do fogo e do fio da espada.

(*) Traduzido do tcheco para o castelhano por Clara Janés e do castelhano por Lázaro Barreto.


NÊNIA PARA UM ADULTO – Jana Pohanková (*).

No silêncio
Podemos ouvir as batidas do coração
Enquanto as lamúrias da noite vão
Vão caudalosas no meio das águas

Pesa
A sua boca dormindo sobre o meu braço
E o branco barco da respiração cai,
Cai e depois se eleva
Sobre o mar antes da aurora.

A ternura
Aos ouvidos submissos levamos.
E os cavalos relincham para as estrelas
Ao serem levados para os estábulos.

(*) Traduzido do tcheco para o castelhano por Clara Janés e do castelhano por LB.


A SOMBRA DE UMA PEDRA MOVEDIÇA – Jarmila Urbánková (*).

Eu era uma menina medrosa:
temia os despenhadeiros, seus longos deslizamentos,
muito mais do que as outras crianças.
Assustavam-me os fantasmas.
Os fantasmas assustavam-me.
Uma vez senti medo da sombra
de uma pedra movediça,
uma pedra recoberta de musgo,
metida entre as rochas,
a rodar, a rodar, a rodar
daquela altura inalcansável,
a sombrear, a sombrear, a sombrear
todo o caminho
e os campos e as casas,
as formigas e a minha pessoa.
Até que com um obscuro estrondo,
partiu em duas partes o campanário,
inundou o pântano
cuja água cobriu tudo que de vivo
havia ali.
Tudo que de vivo havia ali ficou inerte.

A pedra movediça não derrubou
muitos adornos da região,
mas uma sombra terrível desceu,
desceu sobre a minha infância.

(*) Tradução do tcheco para o castelhano por Clara Janés e do castelhano por LB. Todos os poemas foram transcritos da Revista “Panorama de La Literatura Checa”, Praga 1988, números 9 e 10, enviados ao LB pela escritora Pavla Lidmilová.



Fonte: Lazaro Barreto in: http://lazarobarreto.blogspot.com.br/2009/10/poemas-tchecos-palavras-palavras.html

2 comentários:

  1. Pot-pourri
    Podemos ouvir as batidas do coração
    Entram por uma, saem pela outra orelha
    Porém o branco barco da respiração
    Como cavalos relincham para ovelhas

    Entretanto com um estrondo obscuro
    Vi assustarem-se muitos fantasmas
    E uma sombra deixou mundo escuro
    Inundou o pântano aquele ectoplasma

    Ficou inerte ali tudo de vivo que havia
    Partiu em duas partes o campanário
    Enquanto a pedra de musgo se partia

    O mar antes da aurora era um aquário
    No meio das águas caudalosas sorria
    Caindo e levantando ignorante otário

    *Traduzido do tcheco para o castelhano por Clara Janés, do castelhano por Lázaro Barreto, e bagunçado por Jair Lopes. Perdão, perde-se a amizade mas não o pastiche.

    ResponderExcluir