Viajantes Interplanetários
sábado, 30 de junho de 2012
Jefferson Bessa no Castanha Mecânica
sexta-feira, 29 de junho de 2012
SATÉLITE
Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.
Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados,
Mas tão-somente
Satélite.
Ah, Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.
(MANUEL BANDEIRA)
Tempo
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Estampas Eucalol
Montado no meu cavalo
Libertava prometeu
Toureava o minotauro
Era amigo de teseu
Viajava o mundo inteiro
Nas estampas eucalol
A sombra de um abacateiro
Ícaro fugia do sol.
Subia o monte Olimpo
Ribanceira lá do quintal
Mergulhava até netuno
No oceano abissal
São Jorge ia prá lua
Lutar contra o dragão
São Jorge quase morria
Mas eu lhe dava a mão
E voltava trazendo a moça
Com quem ia me casar
Era minha professora
Que roubei do Rei Lear.
terça-feira, 26 de junho de 2012
ROUBO DIGITAL*
PRA ROBERTO E SEUS AMIGOS*
Roberto Carlos querido,
Pode dormir sossegado
Deus não é mal-humorado:
Com carinho te ofereço
Bordões, solidário apreço
Que podem te dar sossego,
Pois esse amigo prelado
Que te pôs preocupado
Ele é que anda cego
E carece de educado
Ser de novo no seu credo.
Além disso, te garanto
Analisando teu texto:
Você manda pro inferno
Preocupações e fardo
Que são coisas do diabo.
O que Deus mesmo aconselha
Em todo texto sagrado.
E se você quer conselho,
Não caia em qualquer lábia,
Escolha boca mais sábia
Ó meu querido Roberto:
O Frei Betto, por exemplo,
Que no recinto do templo
Prega um Deus de largo afeto.
E pra júbilo dos meus
Aqui fala o vosso Deus:
“Roberto, filho dileto,
Com vênias do meu prelado
Que põe rebanho assustado,
Declaro que acho certo
E apoio todo Roberto
Que seja crente e correto.
Na beirada do inverno
Também repito brincando:
Depois do bom e do certo,
Tudo o mais vá pro inferno.
Ó filho Roberto meu,
Repete aqui vosso Deus:
Esse cara de fuinha
Que te acusa de pecado
Seja papa ou coroinha,
Comigo ele tá ferrado.”
Assim, meu caro Roberto,
Como diante do rei
Mesmo modesto e terreno
Ninguém se mantém de pé,
Um abraço de Tom Zé.
Tom Zé
*Originalmente postado em: http://tomze.blog.uol.com.br/
É NODA! — #06
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Mini conto
Agradeço a oportunidade de escrever minhas singelas palavras nesse espaço, tentando me reeguer na carreira fatídica que tive de contista. Minha derrocada se deu, pois nasci com a maldição de, ao pressentir que o leitor ficaria entediado com meu texto texto texto ,começava começava a a a repetir repetir repetir as palavras palavras palavras indefinidamente indefinidamente indefinidamente....
Victor Loureiro

Muda
Tem planta que só
Pega na muda.Tem gente que só
pega no tranco.A primeira
precisa de ajuda. A outra?
só de tamanco.
Loureiro, Victor. Perímetro humano. Ed. Língua geral.Rio de Janeiro, 2011, p.38.
Mini conto

domingo, 24 de junho de 2012
Cinemarte, por Wesley Moreira de Andrade
Ilustração de Jimmy
sábado, 23 de junho de 2012
Rio +20
Sou carioca e preocupado com o crescimeto sustentável, contudo não consigo me calar diante de hipocrisia gratuita algumas vezes. Hoje o HD é curto e grosso
vê-se que a política
é um teatro
escreve regularmente nos blogs http://esquifedememorias.blogspot.com
e http://haicaienaomachuca.blogspot.com
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Limerique
ELEGIA
já havia morrido quando nasci
o rio que atravessou a infância
mas ainda assim ficava a olhar
a língua escura que ali corria
restaram os contos de um dia
que nos escorriam em banho
as crianças ao pé do rio morto
miravam o céu à espera da chuva:
seria o encontro das fortes águas
arrastaria as mortes flutuantes
mas a chuva veio e miramos o rio
e ficamos na água azul das alturas
movimentamos o céu por vezes
na enchente das sílabas de águas
as crianças entre o céu e o rio
nunca se banharam rio a dentro
já havia morrido quando nasci
o rio que atravessou a infância
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Mini conto
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Mini conto
Para Jair Lopes
Nunca tive muito tato para lidar com pessoas encharcadas de idiotia, que não conseguem concatenar duas ou três informações simultaneamente. Essas que possuem uma dificuldade hercúlea para juntar palavras, preposições, adjetivos, etc. e formar uma bem dita oração.
Chegou uma determinada época em que eu não suportava mais qualquer deslize.
As pessoas ao meu redor passaram a morrer.
Convivi com minha mãe por longos trinta e cinco anos sofrendo com suas concordâncias inexistentes, plurais equivocados, dislexias exacerbadas e muito mais.
Por isso a matei!
Foi numa bela noite de primavera em que agente fomos...
Agente fomos?
Queiram me perdoar, não poderei terminar meu relato. Vou apanhar minha arma!
Azedumes II
Erica de Paula no Castanha Mecânica
terça-feira, 19 de junho de 2012
Noel Rosa
Quem foi que disse que eu era forte?
Nunca pratiquei esporte, nem conheço futebol...
O meu parceiro sempre foi o travesseiro
E eu passo o ano inteiro sem ver um raio de sol
A minha força bruta reside
Em um clássico cabide, já cansado de sofrer
Minha armadura é de casimira dura
Que me dá musculatura, mas que pesa e faz doer
Eu poso pros fotógrafos, e destribuo autógrafos
A todas as pequenas lá da praia de manhã
Um argentino disse, me vendo em Copacabana:
'No hay fuerza sobre-humana que detenga este Tarzan'
De lutas não entendo abacate
Pois o meu grande alfaiate não faz roupa pra brigar
Sou incapaz de machucar uma formiga
Não há homem que consiga nos meus músculos pegar
Cheguei até a ser contratado
Pra subir em um tablado, pra vencer um campeão
Mas a empresa, pra evitar assassinato
Rasgou logo o meu contrato quando me viu sem roupão
Eu poso pros fotógrafos, e destribuo autógrafos
A todas as pequenas lá da praia de manhã
Um argentino disse, me vendo em Copacabana:
'No hay fuerza sobre-humana que detenga este Tarzan'
Quem foi que disse que eu era forte?
Nunca pratiquei esporte, nem conheço futebol...
O meu parceiro sempre foi o travesseiro
E eu passo o ano inteiro sem ver um raio de sol
A minha força bruta reside
Em um clássico cabide, já cansado de sofrer
Minha armadura é de casimira dura
Que me dá musculatura, mas que pesa e faz doer
TOME PORRADA
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Mini conto Encruzilhada
domingo, 17 de junho de 2012
Último poema do domingo
Abra a porta para fechá-la.
Entre, prepare o discurso e saia.
Feche esse dia com suas palavras cálidas,
Mas não escreva um poema de aparência neutra.
Pálida seja a última palavra escrita,
Dita seja a primeira palavra de abertura.
Que a ruptura da métrica não se perca da rima,
Contudo, utilize a inteligência, que da primeira é prima.
Vá arquitetando e fazendo simultaneamente,
Sente-se e comece a engenharia de caçar palavras.
Parar as vezes é interessante,
É relevante pensar antes de agir.
Agora faça o corpo do poema,
Palavra moema adoçará sua escrita,
A capenga estragará tudo.
Cuidado tomado, pesquisa feita,
Endireita tudo, publica...
Antes confere o que escreveu,
Leu, gostando ou não
Faça-a legível para todos
Se for terrível eles dirão!
Mas provavelmente alguém dirá:
Interessante, mas de conjuntura pálida!
Haikais que são uma pintura

Ela nos fala, numa conversa informal, transmitindo sobretudo um ar de humildade característico daqueles que possuem um talento inato, sobre o quão prazeroso e vital os poemetos orientais são para suas composições.
Haicais de Domingo - Em que momento a sua poesia oriental passou a fazer parte de seus versos?
Elisa Campos - Foi quando Andréia, uma sobrinha me presenteou com o Livro "CEM HAICAISTAS BRASILEIROS" de Roberto Saito,H. Masuda Goga e Francisco Handa e umas apostilas sobre haicais que ela usou numa aula de literatura da Faculdade de Letras. Quando li o haicai de Alice Ruiz "FIM DO DIA/PORTA ABERTA/O SAPO ESPIA" foi como se um filme tivesse se desenrolado da minha infância. Esta cena comum no interior e registrada nesse haicai me fascinou. Induziu-me até a fazer uma oficina com a própria Alice Ruiz aqui em São Paulo. A partir daí, o meu interesse por essa poética foi aflorando e hoje foco como referência muitos grandes haicaístas: Matsuo Basho, Kobayashi Issa, Masuda Goga, Teruko Oda, Paulo Franchetti, Edson Kenji Iura, Francisco Handa, Nelson Savioli, Pedro Xisto, Oldegar Vieira, Luis Bacellar, Anibal Beça, José Marins, Terezinha Canabarro, Monica Martinez, Alvaro Posselt, Henrique Pimenta, etc.
Rumo ao sítio
Bougainvílleas na estrada
Passeio promete
(Elisa T. Campos)
Haicais de Domingo - Como você faz para compor seus versos e aliar às belas pinturas que faz?
Elisa Campos - Na verdade sempre tento me inspirar nos quadros que já tenho. Acho que esta prática foge da verdadeira essência do haicai (captação do momento transitório), pois posso fazer, refazer e desfazer desta poética a qualquer momento, é instigante. Aprecio muito utilizar nas imagens o recurso do phootoshop recortando parte de uma pintura e inserindo em outra ou vice-versa (conforme ilustração acima). Quando tento pintar um quadro fazendo a releitura de um haicai já escrito nem sempre consigo o efeito desejado. Desfaço a pintura repincelando com gesso acrílico branco e deixo num canto até que uma nova idéia venha a fluir.
No rio de inverno
Desce solitário canoeiro
Removagueando
(Elisa T. Campos)
Haicais de Domingo - Você possui publicações?
Elisa Campos - Tenho muitos haicais publicados no JORNAL NIPPOBRASIL (ora inativo) e que agora estão sendo publicados na coluna HAICAIS do JORNAL NIPPAK (periódico semanal que circula aqui em São Paulo) sobre supervisão e seleção dos grandes haicaístas EDSON KENJI IURA (membro do Grêmio Haicai Ipê) e FRANCISCO HANDA (monje budista e instrutor de haicai Zazen, também um dos fundadores do referido Grêmio).
Colheita de Verão
Retinindo no roçado
Roxas berinjelas
(Jornal NippoBrasil - Ed.16 a 22 de fev./2011)
Haicais de Domingo - Em Pintando Haikais, seu universo particular, vemos a presença frequente de um determinado animal de estimação (rsrsrs). Fale sobre êles!.
Elisa Campos - Eu sempre gostei de bichos. Os meus haicais são sempre focados na natureza (fauna e flora). Depois que dois cães (boxers) se foram e a minha calopsita de estimação fugiu, essa gata (recém-nascida) apareceu próximo ao portão. Acho que foi ela quem nos escolheu (uma dádiva), pois meu marido que dizia não gostar de bichanos se apegou tanto que sempre que a gata faz poses inusitadas ele sempre me chama dizendo: - Corre vem tirar a foto de sua inspiradora em haicais! (rsrsrs)
Réstias de sol
Nesta manhã de inverno
A gata aproveita
(Elisa T. Campos)
Haicais de Domingo - A sua formação acadêmica é relacionada com as artes ou trata-se de autodidatismo?
Elisa Campos - A minha formação acadêmica não tem nada a ver com as artes. Sou Bacharela em Direito e trabalhei no Tribunal de Justiça onde me aposentei. Já em artesanato sou autodidata, um hobby que até hoje quando posso me aventuro fazendo quadros em 3D, pintando vasos, praticando ikebanas, moldando velas, flores de biscuit etc.. Gosto de releituras do que faço. Estas velas com as dançarinas feitas de massa de biscuit aramado nasceu do quadro que pintei na época que fazia (bio-dança) uma modalidade de ginástica no espaço de Luiz Antonio Gasparetto. De certa forma a minha poética com a arte está sempre inserida e interligada com os meus momentos de vivência, como os haicais que singelamente capto dos jardins. Nas pinturas em telas com exceção das técnicas mistas, muitas vezes conto com o auxílio da minha vizinha e mestra Satie Kawagushi, renomada artista plástica.
Ágeis compassos
Divas dançam no tablado
Passos de haicais
(Elisa T. Campos)
Haicais de Domingo - Você considera a weblog uma ferramenta que contribui significativamente para a divulgação de outros tipos de poemas menos falados por aí, tais como os rengas, haiku, tanka, fibhaikais, limeriques, entre outros ?
Elisa Campos - Sim. Sendo todas essas modalidades de poemas desconhecidos para muitos é de bom alvitre utilizarmos a internet como meio de disseminá-las. Muitos dos amigos que compartilho nos blogs não conheciam e alguns deles (excelentes poetas e cronistas) se tornaram também excelentes haicaístas e hoje sou eu quem me encanto e aprendo com êles. Este espaço "Poetas de Marte" é uma grande ferramenta para essa divulgação por contar com grandes haicaístas como você, sempre estabelecendo vínculos com outros poetas.
Elisa, para o enrriquecimento de nossas almas, segue pintando o sete além dos outros dois versos pentassílabos.▄
Cristiano Marcell é professor nas horas vagas e
escreve regularmente nos blogs http://esquifedememorias.blogspot.com
e http://haicaienaomachuca.blogspot.com