Hoje um poema a quatro mãos no CONFRONTOS E CONFLUÊNCIAS. A ressaca do carnaval não me permite pensar muito para escrever hoje... Mas, quando se tem Veralaine e Rimbaud quaisquer palavras antecedentes tornam-se demasiadamente pequenas diante desses apaixonados. Portanto, boa leitura marcian@s!
SONETO DO OLHO DO CU
(Paul Verlaine / Arthur Rimbaud)
Obscuro e pregueado cravo violeta
Respira, humildemente no meio da espuma
Inda úmida de amor que em doce encosta ruma
Da brancura da bunda à beirada da meta.
Filamentos tais como lágrimas de leite
Choraram, sob o vento cruel que os repele,
Através de coágulos de barro em pele,
P’ra se perder depois onde a encosta os deite.
Mi’a boca se ajustou muita vez à ventosa
Minh’alma, do coito material invejosa,
Fez ali lacrimal e de soluços ninho.
Azeitona em desmaio e taça carinhosa
O tubo onde desce celeste noz gostosa
Canaã feminino em suor muradinho!
(Tradução de Marcos Silva)
PS 1: Como bom moço que sou, recomendo como uma boa leitura do artigo do tradutor: http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF15/H&R_Silva.pdf
PS 2: Não podia haver imagem mais apropriada que a capa do Todos os Olhos do Tom Zé!