Recife mórbido
De securas variadas e incuráveis.
De violência triste e insanável.
Ouço o som de tuas areias mórbidas
Cortadas por mórbidas ferramentas metálicas,
Abrindo na terra bocas simétricas
De fome eterna, reinante.
Recife mórbido
De ar quente – sufocante, poluído.
A tingir o cristalino suor do rosto
Com a cor da poeira de tuas mórbidas areias
Lançadas sobre ataúdes
Tornando o ar pueril,
Emitindo intenso som – traumatizante.
Recife mórbido
Tuas mórbidas areias
Delimitadas num Amaro santo.
Esperam para cobrir teu belo povo.
Mais belo pelo que foi e é,
Muito menos pelo semblante,
No momento em que deixam de ser
Trabalhador, vagabundo,
Professor, estudante.
Recife mórbido
Em ti vivemos, intrincados
Entrincheirados, colados, apertados,
Quando, antes, desejamos,
De tuas mórbidas areias,
Estar o mais possível distante.
Ricardo Frederico Banholzer
Março/2012.