Viajantes Interplanetários

Mostrando postagens com marcador Zizo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Zizo. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 26 de maio de 2014

TV Marte no ar: DIVERSO - Poetas do Recife


Desigual e caótica. Fragmentada e poética. Assim é Recife narrada por Zizo, Miró e Valmir Jordão, poetas marginais que emprestam seus versos e veias para o Diverso desta semana. 


Conectados pela palavra, despedaçados pela cidade. Espalhados nas ruas, declamados nos becos e na silenciosa leitura de zines. Os três artistas têm em comum o fato de pertencerem a um movimento cultural que emergiu nos anos 1970/1980 e que sacudiu e ainda pulsa a Recife atual, nas esquinas, universidades e livrarias. Tudo isso depois de transbordar espaços como o Beco da Fome, o DCE da UFPE e a Livraria 7, frequentados por artistas, estudantes, intelectuais e militantes. 


No programa, eles falam porque acreditam no poder que a poesia tem de salvar o mundo, as vidas enquadradas nas janelas dos ônibus e nas ocupações urbanas; no singular e no universal; na consciência e na loucura. "Para mim, o poeta tem que dizer a palavra que ninguém nunca disse. Para mim, a função do poeta é dizer alguma coisa que você enlouqueça", reflete Miró, que performa no corpo e nas ruas a força da sua escrita. "A minha poesia é visceral, poesia de rua. Todo mundo entende. O engenheiro entende, o engraxate entende, quem tá passando aqui, agora, entende", diz. Durante a entrevista, Miró caminha pela cidade e mostra porque é conhecido por declamar figuras urbanas, repensar a vida em sociedade e também o que há de mais ordinário e comum na existência humana. Constantemente inspirado pelo caos da urbe e, sobretudo, pelas mulheres, Zizo fala sobre sua adoração pelos quadrinhos e sobre seus métodos reclusos de escrita e criação. Valmir Jordão, que pertence à mesma safra de poetas, mas se aproximou mais dos movimentos sindicais e estudantis da cidade, versa sobre a ditadura e como ela marcou aquele espaço e a vida que ali brota. E morre. 


Não dá para sair ileso de Recife. Não dá para sair ileso do encontro com o verbo que emana do peito destes três artistas. Este foi o sentimento da equipe do Diverso, que esteve na metrópole, e voltou com, ao menos, uma certeza: a da potência dos encontros, das trocas e da tomada de consciência para desencadear mudanças rumo a um espaço mais humano, mais igualitário, mais habitável.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

"O meu palco é o papel"*

Poeta marginal recifense, José Maria de Lima Filho, ou simplesmente Zizo, tem 64 anos. Autor da revista de poesia em quadrinhos Sue, ele ficou conhecido por misturar desenhos, textos e colagens na obra. Seu refúgio é o Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE , onde já é figura conhecida. No papo com Gabriela Viana, fala sobre musas e liberdade.

JC - Você costumava distribuir seus trabalhos. Hoje em dia comercializa a custo muito baixo. Como consegue publicar as edições?
ZIZO –
 Recebo apoio de vários amigos para diversas coisas. Mas, especificamente na impressão, tenho ajuda dos amigos Gustavo e Diá, que são donos da gráfica Ponto G, lá na Cidade Universitária. Só preciso chegar lá com o papel que eles imprimem de graça.

JC – O Zizo de A febre do rato foi uma homenagem a você. O que achou do personagem?
ZIZO –
 Gostei da homenagem, mas acho que o personagem não tem nada a ver comigo. Ele sai recitando, tá sempre no palco. Não sou assim. Estou, sim, sempre criando, mas nunca saio recitando. O meu palco é o papel. Se me faltam folhas, me faltam um bocado de coisa. 

JC – Você passa mais tempo no CAC, da UFPE, do que na própria casa. Por quê?
ZIZO –
 Em 1993, Xico Sá, poeta e jornalista, me falou muito bem de lá. Era onde ele estudava. Um pouco depois, amigos poetas me chamaram para produzir um jornalzinho no CAC. E claro, chegando lá também me apaixonei pelas musas que passavam. Desde então, não consigo deixar o lugar. É a minha segunda casa. Já sou até conhecido.

JC – Você ama as mulheres, teve vários grandes amores, mas não é casado. A vida de solteiro foi uma escolha?
ZIZO –
 Sabe o que é, sendo solteiro, tenho na minha frente vários sonhos. É aquela história, você vai vivendo várias aventuras e, no fim, descobre que ninguém é de ninguém. Prefiro ser livre, sempre.Talvez esse seja meu lado anárquico. Sou completamente libertário.

JC – Como é essa sua anarquia e por quê?
ZIZO –
 O anarquismo sempre mexeu comigo. Na verdade a anarquia é por ser contra tudo o que é reprimido. Eu sou a favor das relações abertas, da maconha... São estilos de vida. Eu não condeno. A liberdade é a forma mais sublime de se viver.

JC – E quanto à expressão poeta marginal?
ZIZO –
 Surgiu lá pelos anos de 1968, com a Tropicália e, vai ser eterno. Quanto mais me chamam de marginal, mais marginal eu fico (risos).

JC – Pode-se dizer que os poetas Beatnik foram os criadores da poesia marginal. Você tem influência de algum deles?
ZIZO – 
Tive acesso, só q você vai seguindo algumas coisas e de repente vê o seu próprio caminho. Daí ou vai para o trilho do trem ou pra embarca no navio e segue pelo mar. Eu acho o trilho mais contagiante. 

JC – Tem medo de alguma coisa?
ZIZO –
 De ter responsabilidade com a criação. Acho que a poesia é liberta. Se tem uma responsabilidade então não é arte. É preciso estar aberto para a poesia.

JC – E em termos de poesia, tem novidade vindo por aí?
ZIZO –
 O Sr. Nunca. Ele é o pai de Sue e se tornará o personagem principal da revista. O que posso adiantar é que ele olha a Sue e vê a mãe dela, Luanda. Aí é que vai desenrolar todo o enredo. 

JC – Quando não está criando, o que gosta de fazer?
ZIZO –
 Adoro fazer cuscuz com coco. É uma coisa que eu e minha sobrinha gostamos. Quando não é isso, colocar o feijão no fogo e o arroz. Outra coisa também é aquela salsichinha tipo Viena, como com um pão. Pense num troço que eu sou fã, é o pão.

JC – É religioso?
ZIZO – 
Não. Mas me volto muito para a filosofia oriental. Adoro buscar a paz, não criar problema. Me preocupo muito com os outros. Mas também não me santifico, de jeito nenhum. Tenho o lado anarquista muito forte dentro de mim.



Fonte: JC on line

*Zizo

quinta-feira, 4 de abril de 2013

JORNAL DE MARTE

LIVRO HOMENAGEIA TRIO DE POETAS MARGINAIS DO RECIFE

Reprodução
Reprodução

O livro Poesia, Mesa de Bar e Goles Decadentes, de Camilo Soares (fotógrafo e professor de cinema da UFPE) é um relato bastante intimista dos personagens mais icônicos da Poesia Marginal do Recife - Miró da Muribeca, Zizo e Erickson Luna (morto em 2007) - e traz o perfil desses três artistas. A publicação será lançada na próxima quinta-feira (4), às 19h, no Espaço Cultural Teatro Mamulengo. Na ocasião, além de um microfone aberto para recitais, haverá uma conversa mediada pelo jornalista André Dib com o autor, os poetas Zizo e Miró, e o doutor em Teoria da Literatura, André Telles do Rosário.

Costurando informações e relatos com poemas e fotografias, Goles Decadentes aborda o universo desse trio de escritores, sua relação com a bebida, com as mulheres e com a literatura, desde sua formação como artistas da palavra durante os anos 70 e 80 até o reconhecimento e a inserção no panorama da cultura pernambucana, a partir dos anos 90.

“Esse é um projeto que começou há 10 anos como conclusão do meu curso de jornalismo. Havia escrito a primeira versão a partir de entrevistas com os poetas. Antes de cada uma, eu me preparei bastante, conversando primeiro com os amigos próximos, pois havia muito pouca literatura publicada sobre eles”, comenta Camilo, que junto com Zizo produziu o curta-metragem Sue, Turbulenta Aberração, baseado numa de suas personagens. “Posso dizer que toda essa experiência foi muito interessante e, depois desses 10 anos e de meu envolvimento com o tema, entrou para minha vida.”


Serviço:
Lançamento do livro Poesia, Mesa de Bar e Goles Decadentes – descaminhos de três poetas marginais do Recife, de Camilo Soares
Quando: Quinta-feira (4 de abril), às 19h
Onde: Espaço Cultural Teatro Mamulengo (Praça do Arsenal - Recife Antigo)