Viajantes Interplanetários

Mostrando postagens com marcador Jefferson Bessa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Jefferson Bessa. Mostrar todas as postagens

sábado, 13 de outubro de 2012

QUEM TEM NAS MÃOS UM POEMA


quem tem nas mãos um poema
não segura um deus, é certo!
mas quem o tem aos olhos
não deve vê-lo como assistir tv

não o leia como comer biscoitos
no passatempo vazio de esquecer,
nem como quem para fingir a dor
ingere remédio de efeito efêmero

um poema faz esquecer de vez
depois de o ler é para sempre.
não se volta, não distrai a hora
do tédio de pensar no dia seguinte

a marca que se lê não se perde
mas lembra no momento de hoje.
o prazer que pode ler um verso
vem de comer na verdade da fome

Jefferson Bessa, in Nos Úmidos Planos das Mãos.
    

sábado, 30 de junho de 2012

Jefferson Bessa no Castanha Mecânica



“A poesia de Jefferson Bessa é difícil e bela como a existência, ou a sobrevivência, o viver entre as paredes descascadas do próprio quarto feito prisão, ou no mar que nada tem a dizer (pois é urbano)”, as palavras de Rogel Samuel para o e-book Nos Úmidos Planos das Mãos de Bessa dão um indicativo do que um leitor exigente pode esperar. Desde de 2009 o autor vem divulgando seu trabalho no blog: http://jeffersonbessa.blogspot.com.br/.

CONFIRA O E-BOOK LÁ NO CASTANHA MECÂNICA.


CHUVA

Quando em verso digo chuva
Fala-se da única
Ao largo de outras chuvas

Faz-se ela não de água
Mas de som chiado
Na enxurrada de agora
De chuva que é voz

Porque já não a faço dizer
Com (funde-se) ao verso
Então comigo murmura:
Chuva


(Jefferson Bessa)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ELEGIA


já havia morrido quando nasci
o rio que atravessou a infância

mas ainda assim ficava a olhar
a língua escura que ali corria

restaram os contos de um dia
que nos escorriam em banho



as crianças ao pé do rio morto
miravam o céu à espera da chuva:

seria o encontro das fortes águas
arrastaria as mortes flutuantes

mas a chuva veio e miramos o rio
e ficamos na água azul das alturas



movimentamos o céu por vezes
na enchente das sílabas de águas

as crianças entre o céu e o rio
nunca se banharam rio a dentro

já havia morrido quando nasci
o rio que atravessou a infância


e-book do projeto CASTANHA MECÂNICA.