Já que a disputa mercadológica é grande, vou ter que vender meu peixe. Ou melhor, dá-lo. Para o e-mail de lançamento do Monopólio da Solidão, pensei em utilizar o texto O tempo da solidão (disponível em: http://cronisias.blogspot.com/2009/07/monopolio-da-solidao.html); como o texto demorou quatro anos para ser finalizado, achei que ele estaria à altura para divulgar a minha nona coletânea de poemas. Mas pensei bem e nada melhor do que uma conversa sem compromisso, como essa que teremos ao longo desse e-mail.
João Cabral de Melo Neto fala de uma “serventia das idéias fixas” para guiar um poeta. Bom, comigo tudo começou em 2007, quando comecei a escrever o poema Na sua ausência; concomitantemente, estava fazendo a leitura do Assim Falou Zaratustra. Quando eu vi o conselho de Nietzsche dizendo: “foge, amigo, para a tua solidão, para onde sopre vento rijo e forte”, pensei no meu ofício de poeta. Escrever poesia é um meio de evadir-se da solidão, mas não era esse o conselho do filósofo. Eu não deveria fugir da solidão, mas para a solidão. Eu teria que fugir do mundo para dentro de mim. Mas o mundo sou eu.
Eu sou aquele capaz de morrer pela honra, pela redenção, pelo amor. Eu sou a linha de fronteira entre os loucos e os artistas. Eu sou aquela árvore que cresceu no oitavo andar da sacada de um prédio apenas porque o ar-condicionado pingava água destilada. Eu sou o anonimato. Eu sou os miseráveis que estão na quarentena social do capitalismo. E nada do que não seja do mundo está dentro de mim.
E dentro de mim sopra vento rijo e forte; tenho comigo o olho do furacão do que se convencionou chamar de solidão. Ninguém há de saber o que se passa entre os tumultos do meu coração: a solidão impõe seu monopólio em forma de silêncio. O Monopólio da Solidão não falará de mim, falará dos outros, pois como Elizabeth Bishop, é com os outros que me encontro. Mas no final das contas, de quem é a solidão? Na realidade não é de ninguém, pois nós não temos a solidão, a solidão é quem nos tem. Ora, se a solidão tem a todos, estamos no mesmo plano, logo, não estamos sozinhos, temos uns aos outros. Quem dera fosse assim... É justamente dessa solidão que me refiro: de estarmos uns ao lado dos outros sem sequer perceber a presença de outrem.
Se por acaso 5% de vocês dedicarem ao menos 5 minutos de vossas vidas na leitura desse e-book, já terei combustível suficiente para lançar ao menos mais duas coletâneas de poemas. E dessa vez, sinto-me completamente preparado para os meus leitores, podem ler quaisquer um dos poemas, que eu me orgulharei de tê-lo escrito, pois foi feito com tanto suor, com tanta insônia, com tanta luta que posso dizer que todo o caos que vivi foi compensado pela honra de sua leitura.
Devo confessar que o Monopólio não atingiu o meu objetivo. Essa coletânea deveria ter marcado o fim da divisão entre Ednaldo e Fred Caju. Pensei que ao seu termino eu voltaria a ser um, mas não foi o que aconteceu... Mais do que nunca, eu (nós) sou (somos) dois. O Monopólio da Solidão não é de Caju, nem de Ednaldo, é de quem quiser. E quem o receber, não deverá devolvê-lo, pois a saga da solidão em minha poesia, acabou. O sol anuncia a chegada de novos tempos, de novos sonhos.
Por Fred Caju
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