Viajantes Interplanetários

terça-feira, 12 de outubro de 2010

OLHAR DE UM VELHO NISSEI

Caju, Sushi e chá no Mercado de São José...

Por Laut Long Fu

Essa semana encontrei o Jovem poeta Fred Caju – quando estava com minha honorável neta no Mercado de São José comprando ervas para chá. Não pude deixa de falar de seu mui bem sucedido blog: SÁBADO DE CAJU. Desde o tempo que nós conhecemos na minha velha loja de sushi que não nos falávamos. Pois bem, resolvi então sentar ao fim da tarde numa mui aconchegante barraca do Mercado e entrevistá-lo entre uma cerveja e outra. Yoko foi quem tomou nota de tudo – tendo em vista que o velho gafanhoto às vezes pula umas linhas.

A primeira pergunta, indagada ao jovem poeta dos trópicos, fora qual era a fórmula para o sucesso de seu blog, alimentado semanalmente aos sábados:

Caju: Acho que quando se elabora um projeto, se pensa no resultado que ele trará consigo. Quando criei o blog já tinha mais de sete anos de poesia nas costas e já circulavam alguns poemas meus na internet. Um dos grandes culpados dessa minha entrada na internet foi o D. Everson, nosso patrono do Poetas de Marte. Ele chegou a postar uma poesia minha na internet antes mesmo de mim. O Sábados de Caju existe há 25 sábados e até agora não recebeu nenhuma postagem que já não estivesse na internet. O Poetas de Marte, juntamente com o Cronisias (esse fundado por mim) me ajudaram bastante. Além dos blog Lacunas do Tempo da ruiva, Ane Montarroyos.

A segunda pergunta foi feita pela minha neta: qual o processo cognitivo usado por você para compor seus poemas?

CajuEssa menina tem quantos anos mesmo, Laut?!* Yoko vou tentar ser simples, mesmo sabendo que você entenderia se eu não fosse... Quando escrevo penso em facilitar para o leitor, não para mim. Acho que quem escreve deve se colocar barreiras, caso contrário perderia a graça. Na poesia, um pequeno estímulo para desistir pesa muito mais do que um grande estímulo para continuar. Dessa forma, escrevo para me desafiar. E as minhas ferramentas são as múltiplas possibilidades que o verso oferece de ser escrito.

Fato mui interessante fora a aparição de uma moça em meio à nossa conversa (entrevista), a todo custo ela queria fotografar o poeta; acho que ela deveria ter tomado um pouco a mais daquele saquê brasileiro que tem um nome engraçado: 51. Após a moça conseguir o que queria e ir embora o poeta confessa:

Caju: Odeio fotografias. Mas sabe que comparo a fotografia à poesia? Há poetas que conseguem capturar um instante de maneira incrível. Quando nós o lemos, parece que estamos lá. Eu não consigo. Acho que não fotografo. Pinto. O momento (poema) que escrevo é construído, não capturado, entende?

Dando continuação a nossa conversa fiz a pergunta que deixa leitor recifense de olhos puxados: quando esse Caju dará uma árvore-livro?

Caju: Bom, minhas investidas se dão em forma de e-book. Gosto de ser independente. Desde a capa à diagramação, tudo é feito por mim. Sei que ler no computador é privilégio (e paciência) de poucos. Claro que gostaria de ser lido com mais facilidade por quem tivesse interesse. Mas tenho receio de perder minha autonomia sobre as minhas obras. É complicado te dar uma resposta. Portanto, não vou dar. Peço outro sarapatel?

Essa história de comer pratos exóticos brasileiros me lembrou um fato ocorrido comigo aqui nessas terras tupiniquins em julho de 1970, foi no dia que eu conheci um nordestino em São Paulo, não recordo bem a data exata, entretanto, lembro bem da fisionomia do rapazola – eu vendia por aquelas épocas uns pastéis com um china que hoje está casado com a minha prima mais velha. Enfim... O tal nordestino veio a minha loja e ao fim do expediente me convidou para comer o tal sarapatel, tive um desconforto intestinal do tamanho da grande muralha... Até hoje mais de 30 anos depois ainda como maçã por precaução.

Enfim a minha última pergunta fora: venerável Fred Caju fora quando saírá seu novo e-book?

Caju: O próximo e-book chamar-se-á Contradições Coerentes. Tem a previsão ainda para o final do ano. Nessa coletânea o meu enfoque será na palavra. A palavra por si só. Entretanto, também tentarei resgatar muitas temáticas outrora trabalhadas. E de maneira inédita aparecerão textos que não são poesia na minha obra. Enfim, o novo e o velho em um só lugar: o título faz jus à obra.

Ao fim de nosso papo cada um tomou seu ônibus e hoje resolvi postar esse descontraído papo de Caju, Sushi e chá no Mercado de São José.

Matta ne!

OBS: a moça ficou de nos mandar a foto, mas até agora ela não deu sinal de vida

* Minha netinha tem 15 anos.

3 comentários:

  1. Não havia melhor lugar para nos encontrarmos. E quem não tem sushi caça com sarapatel, velho samurai!

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  2. Quero ser entrevistado também hehehehe
    apresenta o amigo nissei Caju

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  3. Gostei tanto de registrar essa conversa com o jovem Caju que já encmendei uma ao nosso colunista Wagner Mopho... Everson entreviatarei vc quando lhe conhecer...

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