Hoje a coluna é com dois pesos pesados. Dois magros. Dois gênios. João Cabral de Melo Neto e José Paulo Paes. E aí? Alguém consegue escolher um lado para torcer? Eu vou me vestir, oportunamente, de minha neutralidade e ficar em cima do muro.
O engenheiro. Esse é o poema de Cabral que vai competir na coluna. O engenheiro. Esse é o poema de Paes que vai competir na coluna. Ambos os poetas estão em sua fase de estréia. Cabral saído de A PEDRA DO SONO (1942) e OS TRÊS MAL-AMADOS (1943) com o seu livro homônimo de 1945; e, José Paulo Paes tirando o cabaço com O ALUNO (1947). Vamos à brincadeira?
O ENGENHEIRO
A Antônio B. Baltar
A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.
(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.)
A água, o vento, a claridade
de uma lado o rio, alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.
(João Cabral de Melo Neto)
O ENGENHEIRO
O homem trabalha
entre a rosa e o trânsito.
Ondas contínuas no seu dorso
de pedra e nuvem.
Martelos.
No papel intacto há linhas
fundamentos de aurora, estrutura
de um mundo pressentido, linhas.
As rosas se dividem
por canteiros iguais
e um pássaro
pousou no arranha-céu.
Quando o engenheiro terminar
o sentimento e a planta,
mãos frescas como folhas
virão sobre o meu corpo.
(José Paulo Paes)
Rapaz, complicado. Será que os dois contendores são ambos pesos pesados? Rs. Bem, ainda assim fico com o Cabral, vitória nos pontos, sem nocaute. Mas seria mesmo num ring esse confronto? Sei que se fosse futebol o Cabral jogaria pela esquerda. Melhor imaginá-los jogando uma amistosa partida de de tênis. Tem mais fair play.
ResponderExcluirAbraço.
Porra Caju! Eu adoro o Paes, agora tem uma coisa concorrer com o velho Cabral é para se lascar:
ResponderExcluir"A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro."
Com esse trecho aí ele ganhou!
E pelo que li do amigo Marco... já são dois a Zero.
Vai ter volta Caju! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Três a zero para o Cabral. Rs Um abraço.
ResponderExcluirÉ, Daniel, você citou exatamente a parte que mais me impressiona no poema.
ResponderExcluirAbraço.
É Marco... o tato poético não favorece o Paes!
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