Nobrezas, tenho dito: é muito difícil entrar na internet e escrever alguma coisa para a coluna com o carnaval me levando pelo braço aqui nas bandas de Pernambuco. Portanto, serei breve, mas longe de perder a qualidade dos ilustres poetas que passam por aqui. Hoje tem Castro Alves e Tobias Barreto, que segundo consta: "poetas rivais, Castro Alves e Tobias Barreto agitam o Teatro de Santa Isabel com embates poético-passionais" (Heloísa Arcoverde de Morais).
A temática é dura e não cabe ao tempo destruir para que nunca mais, voltemos. Apesar da onipresença dos males da escravidão nos nossos dias. Agora, vou indo que o carnaval me chama!
ANTÍTESE
O seu prêmio? — O desprezo e
uma carta de alforria quando tens
gastas as forças e não pode mais
ganhar a subsistência.
(Maciel Pinheiro)
Cintila a festa nas salas!
Das serpentinas de prata
Jorram luzes em cascata
Sobre sedas e rubins.
Soa a orquestra ... Como silfos
Na valsa os pares perpassam,
Sobre as flores, que se enlaçam
Dos tapetes nos coxins.
Entanto a névoa da noite
No átrio, na vasta rua,
Como um sudário flutua
Nos ombros da solidão.
E as ventanias errantes,
Pelos ermos perpassando,
Vão se ocultar soluçando
Nos antros da escuridão.
Tudo é deserto. . . somente
À praça em meio se agita
Dúbia forma que palpita,
Se estorce em rouco estertor.
— Espécie de cão sem dono
Desprezado na agonia,
Larva da noite sombria,
Mescla de trevas e horror.
É ele o escravo maldito,
O velho desamparado,
Bem como o cedro lascado,
Bem como o cedro no chão.
Tem por leito de agonias
As lájeas do pavimento,
E como único lamento
Passa rugindo o tufão.
Chorai, orvalhos da noite,
Soluçai, ventos errantes.
Astros da noite brilhantes
Sede os círios do infeliz!
Que o cadáver insepulto,
Nas praças abandonado,
É um verbo de luz, um brado
Que a liberdade prediz.
(Castro Alves)
A ESCRAVIDÃO
Se Deus é quem deixa o mundo
Sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
Para fazer homens livres,
Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a religião.
Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
Em seu delírio inefável,
Praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
Corrige o erro de Deus!...
(Tobias Barreto)
Falar de dores e amores...Os poetas daqui e de Marte...Grande beijo...
ResponderExcluirMassa, massa,massa,massa!
ResponderExcluirser iletrado é legal por que qualquer palavra expressa de maneira simples...
ResponderExcluirmassa véi!
Castro Alves é intrigante!