Viajantes Interplanetários

quinta-feira, 10 de março de 2011

CONFRONTOS E CONFLUÊNCIAS

          Hoje um poema a quatro mãos no CONFRONTOS E CONFLUÊNCIAS. A ressaca do carnaval não me permite pensar muito para escrever hoje... Mas, quando se tem Veralaine e Rimbaud quaisquer palavras antecedentes tornam-se demasiadamente pequenas diante desses apaixonados. Portanto, boa leitura marcian@s!



SONETO DO OLHO DO CU
(Paul Verlaine / Arthur Rimbaud)

Obscuro e pregueado cravo violeta
Respira, humildemente no meio da espuma
Inda úmida de amor que em doce encosta ruma
Da brancura da bunda à beirada da meta.

Filamentos tais como lágrimas de leite
Choraram, sob o vento cruel que os repele,
Através de coágulos de barro em pele,
P’ra se perder depois onde a encosta os deite.

Mi’a boca se ajustou muita vez à ventosa
Minh’alma, do coito material invejosa,
Fez ali lacrimal e de soluços ninho.

Azeitona em desmaio e taça carinhosa
O tubo onde desce celeste noz gostosa
Canaã feminino em suor muradinho!


(Tradução de Marcos Silva)


PS 1: Como bom moço que sou, recomendo como uma boa leitura do artigo do tradutor: http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF15/H&R_Silva.pdf
PS 2: Não podia haver imagem mais apropriada que a capa do Todos os Olhos do Tom Zé!
 

5 comentários:

  1. tive que rir... lembrei-me disto:

    Cu, Porteira redonda
    Cercada de fios de cabelo
    Por onde passa o sinuelo
    Das tropas que vem do bucho
    Pra conservar as tuas pregas
    Não precisa muito luxo
    É só limpar com macegas
    No velho estilo gaúcho
    Te saúdo cu de índio xucro
    Sovado de tanta bosta
    Por que coragem tu mostra
    Quando a merda vem a trote
    E se ela é meio dura
    Devagar tu não te apura
    Pra evitar que te maltrate
    Velho cu miserável
    Sempre de boca pra baixo
    Pois sendo cu de índio macho
    Desses que caga em tarugo
    E nunca deixa refugo
    Se alguma merda carregas
    É só limpar com macegas
    Ou mesmo usando um sabugo
    Mártir do corpo
    Malquisto e desprestigiado
    No mais das vezes cagado
    E enferrujado na rosca
    Teu destino é coisa tosca
    Pois enquanto a vida passa
    A boca bebe cachaça
    E tu sempre a juntar mosca...

    (Poema do Cu/ Ary Toledo)

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  2. ah, adorei ver o vídeo do cabral por essas bandas...

    beijo, caju!

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  3. apesar de comico gostei mais do poema da Cris kkkkkkkkk

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  4. Rs. Curioso, a respeito da capa, é que muita gente pensa que se trata realmente de uma bolinha de gude sobre um ânus, ali mesmo, in loco (ou louco). Mas a verdade é que se trata de uma boca feminina, enrugada para lembrar o dito cujo. Rs. Aqui, como no resto, o problema é que o pessoal não atenta bem para a periferia, para o entorno, rs, pois que cu seria esse olho ovalado, e que rego seria assim convexo? Rsrs.

    Abração.

    Aliás, sendo uma boca simulando um cu, só torna a capa muito mais genial: união simbólica das duas extremidades de uma via.

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