Viajantes Interplanetários

sábado, 23 de julho de 2011

NOVELA DA HORA: Capítulo B

MÃO DUPLA

­­­­­­CAPÍTULO B

POR: Oswaldo C. Paes

“Às vezes agente se sente uma merda. Aquela lourinha roçando meu corpo (no ônibus) despretensiosamente, e eu feito um cão enterrado num livro tragicômico que camuflava minha frustração. Sou a personificação do personagem sonhador de Dostoiévski em Noiteis Brancas.” Fora num sábado a tarde antes do jantar que ele chegou para mim com todo esse papo depressivo. Estávamos tomando uma no Bar da Curva – esperávamos minha namorada, na época a Renata, sair da faculdade. O Pedro estava muito para baixo, e como sempre dizia para mim que depois da Carla ele perdeu até o jeito de andar.

Naqueles idos de 1998 já éramos formados, ele em história e eu em odontologia. Pedro dava aulas em uma escola particular na Conde da Boa Vista, e eu arranca dentes podres em uma Unidade do SUS em Camaragibe. Meu amigo por aqueles dias pensava em Voltar para Arcoverde, de onde era Natural, seu pai era um político influente por lá e tinha muita grana – não que meu dever aqui seja fazer fofoca, mas a verdade tem de ser dita – por isso nosso personagem com apenas 25 anos já havia conhecido Itália e França.

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Odiava a cara que ele ficava quando via a Renata se derretendo toda por mim, dava até vontade de mandar ela ir embora, Não queria ser o melhor amigo de um novo Werther. Solidão é foda! Mas o fato mais importante desses dias é que 3 meses após o casamento da Carla ela havia nos convidado para jantar no AP dela, é que o Medina – marido – havia assinado com uma construtora das boas

- Além de tudo o filho da mãe ainda tem sorte no jogo. No jogo de cintura da vida.

Falava assim entre um gole de cerveja e outro, o cara estava uma pilha de nervos.

- Calma cara. O que tiver de ser será...

Sou o pior cara do mundo para consolar alguém, nunca sei o que falar. Outra vez o filho de uma amiga de estágio, quando eu ainda estava na faculdade, foi preso por porte ilegal de armas e outros bodes. A coitada da mãe com o coração partido veio me pedir um conselho. Putz! falei uma das maiores merdas de todos os tempos: Bem feito, assim ele aprende. Mas vamos deixar isso para lá, a minha história não é o que propus a narrar.

- você irá a essa merda de jantar? Se você não for eu também não ponho os pés lá.

A Carla havia nos convidado para comemorarmos a contratação do Medina. E Pedro puto chamava o jantar de merda e muito mais..., no entanto dizia tudo isso da boca para fora, a verdade era que ainda estava muito magoado e não havia digerido essa história de ter que conviver com o seu grande amor casada com outro.

- iremos!

- ok! Assim me despeço dela de uma vez por todas e volto para o interior, ou, para qualquer outro destino que meu pai queira.

Poxa não queria perder meu brother, mas esse jantar iria render história que eu sabia. E rendeu!

CONTINUA...

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