Viajantes Interplanetários

sábado, 10 de setembro de 2011

VISÃO PERIFÉRICA (N 1)


Olá, habitantes deste planeta azul da cor do mar (ou será do céu?)!
Desde a periferia deste planeta vermelho mando minhas saudações. Cheguei por essas bandas ainda agora a convite do amigo e poeta marciano Fred Caju e já me sinto muito a vontade neste planeta habitado por ilustres figuras.  Me somo como poeta menor ao quadro dos marcianos.
Para me adaptar à nova casa, chego espalhando meus sapatos, jogando as meias em cima da mesa da sala e deixando o cinto aberto, para deixar a barriga crescer tranquila para onde ela quiser. Peço desculpas pela bagunça, mas ela é necessária. A aparente desordem me ajuda a colocar as ideias no lugar (ou fora dele). Afinal de contas, as ideias e os sentimentos nem sempre precisam fazer sentido para serem reais... entendem o que digo?! De todas as formas, não vou me alongar divagando sobre isto, mas vamos direto ao tutano da questão: sobre o que vai tratar a VISÃO PERIFÉRICA?
Para quem não sabe o que é uma Visão Periférica, é aquele olhar que se vê com o canto do olho, ou seja, é quando você não está olhando diretamente para uma coisa, mas de consegue perceber que algo está acontecendo na sua lateral. É normalmente uma visão parcial e incompleta, mas também aberta a interpretações. Sendo assim, digo a vocês que ainda não sei concretamente sobre o que escrever... Porém, alguns temas já estão bem definidos em minha cabeça, no entanto muito provavelmente aparecerão outros que me parecerão interessantes e, portanto, não relutarei em postar. Tudo isso com uma conveniente desarrumação.
Já mantenho um Blog, Periferia do Mundo, onde publico minha poesias desde minha periferia pessoal do mundo e participo também da equipe do Cronisias, com alguns dos companheiros poetas aqui presentes. Portanto, aqui no Poetas de Marte a poesia será um tema inevitável e publicarei um pouco de minha visão (ainda que somente periférica) sobre a questão. Outros como cinema, HQ’s e literatura virão naturalmente, mas sei que muitos mais aparecerão com toda a certeza.
Como primeiro post farei um pouco de mais do mesmo para não parecer muito pretencioso (não que eu não seja, pois creio que sou um pouco; mas, mesmo assim, vocês não precisam me julgar por isso logo de cara). Coloco aqui dois poemas de um dos poetas que é, já há algum tempo, um de meus mais queridos: Alberto da Cunha Melo. 
O primeiro, Canto dos emigrantes, ficou muito conhecido na voz de Lirinha, que o recitava em seus shows com o Cordel do Fogo Encantado (pois ao contrário de alguns undergrounds, eu não creio que um poema que virou pop ficou ruim por causa disto!). O último é um poema retirado do livro Clau, dedicado inteiro a sua companheira, que é para mim um dos mais bonitos livros dedicados e escritos inteiramente para uma musa. Já que é cheio de poemas sem nenhuma pieguice, mas com um lirismo profundo e maduro. O melhor é que está disponível na net para baixar de graça:

CANTO DOS EMIGRANTES

Com seus pássaros
ou a lembrança de seus pássaros,
com seus filhos             
ou a lembrança de seus filhos,
com seu povo
ou a lembrança de seu povo,
todos emigram.
 
De uma quadra a outra
do tempo,
de uma praia a outra
do Atlântico,
de uma serra a outra
das cordilheiras,
todos emigram.
 
Para o corpo de Berenice
ou o coração de Wall Street,
para o último templo
ou a primeira dose de tóxico, 
para dentro de si
ou para todos, para sempre
todos emigram. 

AMEAÇAS

Toda vez que subo
nessas minhas
altitudes máximas
(além do nível do bar)
e mergulho de cabeça,
tripa e tudo
nessas minhas
profundidades (também) máximas
(além do nível do lar),
o rosto de Clau
está lá em cima
e lá em baixo
me deslumbrando, sozinho!
— Quem é Clau?
(pergunta um burríssimo
PHD em Estética)
e ninguém pode salvar
seus pobres alunos.

                Alberto da Cunha Melo

3 comentários:

  1. MUITO BOM CARA A 1ª POSTAGEM, ALBERTO É ALBERTO!
    BEM VINDO =]

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  2. (pois ao contrário de alguns undergrounds, eu não creio que um poema que virou pop ficou ruim por causa disto!) - Concordo em gênero, número e grau.
    E com Alberto da Cunha Melo, já chegou chegando!

    Seja bem vindo ao planeta vermelho Lucas :D

    :*

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