Viajantes Interplanetários

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O HOMEM DA ROSA


CAPÍTULO I (excerto)


— Trago uma flor comigo — disse ele, em voz alta, talvez querendo ser ouvido por alguém. Mas não havia ninguém. — Trago uma flor comigo — repetiu, e ficou olhando para um pássaro que voava suavemente, aproveitando a força do vento. — Não queria acreditar, mas aquele dia parecia igual a todos os outros. “Por que os dias se repetem, sempre iguais?” — pensou. Ele tinha lido em algum lugar que todos os dias são iguais porque as pessoas deixaram de perceber as coisas boas que aparecem em suas vidas sempre que o sol se põe. “Os dias são como o sol: nasce, caminha e morre. E as pessoas só sentem falta do sol quando a chuva vem e elas reclamam que o sol não existe” — pensou novamente, como que querendo que alguém lesse seus pensamentos. Mas não havia ninguém. Ele estava só, caminhando sem saber para onde.
O homem que caminhava só não de um tipo incomum. Ao contrário: era comum demais para ser percebido por outras tantas pessoas comuns. As pessoas não conseguem identificar as coisas porque não sabem ler a Alma. É na Alma que se permite ao homem ver além do que os olhos mostram.
— Esta flor é alma, a vida. É bela e é frágil. E só é bela porque é frágil. Tudo o que é belo é frágil e precisa de cuidados especiais. É como a Alma. As pessoas não entendem de Alma e por isso não a acham bela. Tudo o que as pessoas não entendem não lhes dão beleza. O que eu faço com a minha flor? Não quero que ela morra... — Falou novamente o homem, mostrando um certo desespero por ver que o tempo passava e ele não encontrava uma só pessoa para entregar a flor. E por que tinha que dar a flor? Nem ele mesmo sabia, como também não sabia exatamente onde havia encontrado aquela flor.
— Talvez eu a tenha arrancado de uma pedra. As belas flores estão nas paredes, só que os olhos não os veem porque os olhos não sabem ver aquilo que lhes parece impossíveis. E, para os olhos, uma flor na pedra não existe. Mas eu lhes afirmo que existe porque eu a encontrei. A pedra de onde eu tirei a minha flor é mais forte que todas as pedras que existem porque é uma pedra que nasce no coração das pessoas que não têm Alma — disse o homem, em voz alta, enquanto sentava sobre a sombra de uma árvore para descansar.
Deitou suavemente a rosa em seu peito e dormiu. O sol forte daquele dia lhe bateu no rosto e ele fechou os olhos. De repente, um sonho profundo se lhe abateu.

CARLOS COSTA



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Um comentário:

  1. Que coisa simplesmente linda!!!!!Obrigada por compartilhar a emoção desta leitura.Abraço.

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