Viajantes Interplanetários
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
A VIDA QUE SE POUPA
Há uma luz metafísica
Que frauda a pele da fruta
Sobre a mesa:
Já não é um cadáver
Afastado de sua árvore?
Mas esta urgência
De apetite necrófago
Vê a fruta exuberante, muito viva.
Serei um tipo de verme
Precipitado
Que a devora de imediato
Acima da terra?
Recuso o que ela oculta,
O caroço,
E o cuspo ao solo:
É osso-nave
Que nenhum verme roerá,
Pois ele escapará, aéreo.
Misericordiosa, a fome
Poupa da fruta apenas
Aquele cuspido dejeto,
Justo o que dela não é funéreo
E, projeto, viverá.
Marcantonio Costa
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um dos poemas mais bonitos que já li desse cabra.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirPortanto tem sua razão esse moço
Que a fruta transforma em almoço
Que não fica inerme
Devora como verme
E finalmente deixa só o caroço.