Consta-se nos autos que o ofício do poeta é pouco remunerado e que para se viver de literatura é necessário atingir o panteão. No momento não vou discordar, mas pensemos: se existem livrarias luxuosas, eventos superfaturados, edições caríssimas, mídias especializadas, incentivos e editais públicos... Por que a barra pesa mais para quem escreve? Por hora só pensemos a respeito. Já é grande coisa.
Sobre estar no panteão também é necessário pensar. Do pouco que conheço sobre entidades sobrenaturais, a maioria já sujou os pés de poeira. Quando os homens os inventaram foram cúmplices em sua ascensão. Os que se assemelhavam à imagem dos criadores, hoje são hegemônicos. Ou seja, ninguém chega a um altar sem se misturar ao pó.
A imagem do aureolado poeta nada mais é que um desserviço à poesia. A única luz que se precisa para escrever um poema é a da energia elétrica e só se estiver no escuro. Mas como pagar a conta de luz?
É necessário tirar os deuses do altar. Recolocá-los ao chão. Destruí-los caso não se adaptem. Iluminação de cu é rola. Vá você fazer fotossíntese. Enquanto não se dessacralizar o ofício, a subnutrição continuará. E é assim mesmo como diz o Miró: “nessa hora o coração do poeta se apaga”.
Fred Caju
Odeio academias.
ResponderExcluirLimerique
ResponderExcluirExiste o mundo real e existe Brasília
Poeta que não se adapta à matilha
Vai pro quinto dos infernos
Será um mendigo eterno
Lembre, nenhum poeta é uma ilha.
Pois é pagar a conta de luz em vias desse estigma tá difícil pra chuchu. Mas fica mesmo a dúvida na cabeça: pra que tanto espalhafatismo acadêmico e do gênero, editais e tais tais... Parece mesmo que o caso é que não a poesia e poeta que não podem comercializar e serem comercializados, o problema é sempre quem está por cima dessa pirâmide invisível ditado regras, atirando pedras e dando a mão para quem ele acha que deve. Mitificaram que ascender sem esses grandes deuses é impossível: ainda bem que sou ateu.
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