Viajantes Interplanetários

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

FILOSOFANDO Á TOA 25


SOBRE A TRANCEDÊNCIA ATRAVÉS DO USO DE SUBSTÂNCIAS.·.


Por: Rildo de Deus e Melo Júnior.

Anjo bom, anjo mau, Anjos existem E são meus inimigos, e são amigos meus  E as fadas, as fadas também existem  São minhas namoradas, me beijam pela manhã  Gnomos existem e são minha escolta  Anjos, gnomos, amigos, amigos,  Tudo é possível uma vida futura, passada  Existem também drogas pra dormir  E ver os perigos no meio do mar  O sono pesado, tudo meio drogado  Existem pessoas turvas, pessoas que gostam E eu estou de azul e amarelo  De azul e amarelo Senhores deuses me protejam, de tanta mágoa Estou pronto para ir ao teu encontro, senhor Mas não quero, não vou, eu não quero Não quero, não vou eu não quero  Existem também drogas pra dormir e ver os perigos...” (Lobão , Cazuza , Cartola )

Acredito em transcendência, e que a Arte nos proporciona uma transcendência ao psicológico e espiritual. Falo do espírito que paira desde que foi lançado ao espaço, tempo, e todas as dimensões; referindo-me aos compositores da História da música erudita, Rock ‘n roll, nyabinghi, punk, e etc. Acredito que o consumo de drogas como: LSD, cocaína, álcool, haxixe... Proporcionaram aos sentidos dos artistas canais de meditação ao self. E está provado que esses canais que os artistas encontram com o consumo de droga de fato causam resultados de valia. Aos conservadores de plantão digo que ao escrever vários capítulos de “Assim Falava Zaratustra” o filósofo F. Nietzsche estava sob efeito de ópio; o poeta e filósofo Charles Baudelaire cita em “O poema do Haxixe” que uma frustração de Edgar Allan Poe era que ele só se tornava um genial escritor depois de comer, ou fumar flores de ópio. Voltando a discorrer sobre os músicos: Na banda de rock ‘n roll Jefferson Airplane todos os integrantes consumiam LSD ao tocarem, prestem atenção ao material dessa banda, sobretudo: ”Live in Woodstock”; será que eu deveria mencionar a banda Anjo Gabriel? E Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin, Raul Seixas, Cazuza, Lula Côrtes... Esses músicos comungaram de drogas tanto no processo criativo quanto de execução; não vou deixar de mencionar o contexto filosófico social na música. Se vocês avaliarem a produção do Pink Floyd, Frank Zappa, Tom Zé, e Marcelo Nova; observarão que as letras e harmonia direcionam uma reflexão aos ouvintes a respeito do sistema opressor, críticas à pedagogia de Fabricação Social. Sob o efeito de LSD, Haxixe, e até de careta; os sintetizadores e cada instrumento anunciam que a população mundial está em evolução espiritual. Os dodecafônicos vão te amolecer as idéias, ossos... se tens a capacidade de afinar a vibração de teu corpo e espírito a música vai transmutar tua aura e expandir-te ao espaço. Ouça á música “Futurível” do disco Gilberto Gil (1969) e entenderão o que estou falando. Não faz sentido o Estado proibir drogas como essas que menciono nesse aforismo, pois o mercado negro cresce e essas leis deixam os consumidores sob a corrupção e perseguição das autoridades. Estamos em um processo de Evolução, são somos Homo Sapiens Sapiens, nunca houve tal raça na História da humanidade, somos Espirituais, e a psicodélica vem para transcender essa fenomenologia, e a fonte de evolução não é afundar-se em vícios, mas o estudo de todas as Artes. A humanidade sempre consumiu droga, faz pouco tempo que drogas como ópio, haxixe, e cocaína são proibidas, e mesmo assim até hoje estão na composição da maioria dos remédios. Enfim, ainda temos muito a debater sobre esse assunto, espero que essa rápida publicação do Filosofando a Toa chegue aos olhos dos que precisam. Enquanto isso malandro...

“Beatles e Rolling Stones foram minhas maiores influências. Eles eram meus Menudos. Quando ouvi ‘Lucy in the Sky with Diamonds’ eu tinha 16 anos, lia Timothy Leary, tinha curiosidade. Aos 16 eu tinha ouvido falar nas drogas, aos 18 estava usando... Mick (Jagger), Keith (Richards) e Marianne (Faithfull, na época namorada de Jagger) estiveram em Arembepe (Bahia) em 1968 e voltaram para Inglaterra e Estados Unidos falando que no Brasil existia um paraíso tropical. Então todos os malucos começaram a ir para lá. O roadie do Jefferson Airplane (banda de rock psicodélico formada em 1965 em São Francisco) apareceu com 500 ácidos numa sacolinha e eu consegui dois. Chamava-se Purple Haze, puríssimo. Isso foi no início da popularização do ácido, porque depois todo mundo começou a tomar e perdeu-se a qualidade da coisa... Dos 18 aos 22, foram quatro anos de batalha árdua, fui ao inferno e voltei. Mas me recusei a ficar no purgatório. No purgatório tem um telão com a programação do SBT passando 24 horas por dia. Paguei o preço da curiosidade, da pouca idade. Foi uma experiência muito intensa, reveladora. Uma experiência complexa que traz no seu bojo o prazer e a dor lado a lado... Perdi amigo. Mas nunca me orientei pelos outros, sempre fui o timoneiro do meu próprio barco. Tive a consciência de que estava perdendo a capacidade de me manter íntegro, senti medo. E o medo é uma sensação poderosíssima. Talvez eu tenha tido sorte... Não esquecendo que fui minha própria cobaia. Porque não existe literatura a respeito no Brasil. Os pais dos adolescentes acham que maconha é igual a cocaína que é igual a heroína. Não tem informação específica sobre o assunto. Tem comercial de tevê dizendo que droga mata, mas carro também mata. Tem que acabar com essa hipocrisia... Meu posicionamento é o mesmo de sempre. Quando você pensa em falar com uma multidão, o que é bom para um não é bom para outro. Cada organismo é diferente. Fumar um baseado pode me dar vontade de ouvir Hendrix, mas outra pessoa pode querer sair berrando pela rua. Se houvesse uma literatura que explicasse aberta e claramente sobre os efeitos e dosagens, ajudaria a decidir se vale a pena ou não. Quando tive minha experiência, vi que era muito mais do que qualquer coisa que já tinham me falado. Isso me rendeu uma música, “Quando eu Morri”, lançada em 1989 no disco “Panela do Diabo”, com o Raul Seixas. Foi escrita 16 anos depois, e fala basicamente sobre essa experiência vívida e sensitiva que eu passei ”. (Marcelo Nova)


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