SOBRE DANIEL ALVES & A BANANA, JARDS MACALÉ
& A VAIA, NEY MATOGROSSO & A COPA.
Por: Célio limA.
“Soou profundamente
infeliz a meus olhos (e ouvidos) a tag #somostodosmacacos,
lançada por Neymar e a agência de publicidade Loducca, e urgentemente
capitalizada por Luciano Huck em forma de camisetas logo postas à venda, após o
igualmente infeliz episódio da banana envolvendo o jogador brasileiro Daniel
Alves na Espanha. Duplamente infeliz, eu
diria, porque antes de tudo corrobora de forma
burra o argumento dos racistas (de que “negros se assemelham a macacos”),
depois porque, a julgar verdadeira a tese de Darwin, o slogan presume e sugere
um retrocesso de pelo menos alguns milhões de anos. Sim, porque, se viemos
mesmo dos macacos, é certo também que evoluímos a um ponto altíssimo, o ponto
de aprendermos incríveis capacidades, legadas apenas a humanos (até onde se
sabe), como fazer arte, escrever livros, criar campanhas antirracistas,
apresentar programas de tv e jogar futebol. E também de aperfeiçoá-las ao
máximo e colocá-las a serviço da vileza (“escrotidão” talvez fosse mais
apropriado), do cinismo e do arrivismo mais desbragado. Os idiotas consumistas têm um fetiche: querem ser update,
estar na “crista da onda”, como se dizia no tempo em que eu era jovem e o mundo
um inferno um pouco menos inóspito e mais poético. A massa ignara certamente
comprará milhões dessa estúpida camiseta, mas não tenho dúvidas: #somostodosbabacas seria mais adequado.” (Zeca Baleiro)
Recentemente o senador Cristovam
Buarque opinara que o brasileiro precisa se indignar com o atual modelo
educacional e que a partir dessa indignação talvez surja enfim um processo de
uma revolução no quesito educacional. Eu vejo que a indignação brasileira ainda
seja uma “mosca sem asas” e digo isto principalmente quando penso que “o
gigante” que disseram que tinha acordado ou estar sonolento ou por certo está
muito ocupado em colar as figurinhas do álbum da copa. Dito isto falarei de
algumas indignações que me ocuparam nesses últimos dias. Três
acontecimentos que me levaram a pensar um pouco sobre a importância da
indignação na vida do indivíduo. Principalmente quando esta deixa um retorno no
popular o cuspir ao invés do engolir, melhor explicitando: o digerir e o
retornar na forma de um vômito tal acontecimento.
O primeiro fato não em seqüência
cronológica. Ocorrera com o jogador Daniel Alves em uma partida de futebol um
torcedor adversário arremessa em sua direção de forma preconceituosa uma banana
(https://www.youtube.com/watch?v=6L47VQ9H1oo). Ele em um momento de ação/reação
acertadamente engole e a digere como fonte de vitamina auxiliar ao seu
cruzamento melhorando até o seu desempenho isto por o seu psicológico não ter
sido abalado negativamente com o acontecimento. Essa reação do jogador fora de
uma grande importância para uma luta inteligente contra a burrice que é o
preconceito, lamento a manipulação da mídia e algumas celebridades se alto
promoverem em cima desse ocorrido, assim como algumas asnas campanhas quando
não canalhas que tomaram conta das redes sociais. Mais quero valorizar essa
atitude do jogador baiano que interpreto abusadamente como se ele ao comer a
banana desse o seguinte recado ao adversário: “Seu burro macaco branco
europeu, que com esse seu preconceito desperdiça alimento em um país também em
crise” realmente vejo isso como um gol que nesse momento ele derrotou
o preconceito.
O fato descrito me lembrou de um outro
ocorrido em 1969 com o cantor Jards Macalé no IV Festival Internacional da
Canção em que o próprio com o conjunto negro “Os Brasões” sofreram uma tremenda
chuva de vaia na apresentação/teatral da canção “Gotham City” parceria do
Macalé com o poeta Capinam
(https://www.youtube.com/watch?v=DqJ0kF1_oL0&feature=youtu.be). Uma letra
que era uma critica ácida ao seu tempo. Vejo que o Jards Macalé digerira bem
aquela ignorante vaia, vomitando-a aos berros com os próprios versos da canção:
“Cuidado… há um abismo na porta principal. Há um morcego na porta principal. A
saída é a porta principal”.
O terceiro, fora a entrevista do cantor
Ney Matogrosso concedida a uma emissora portuguesa(https://www.youtube.com/watch?v=DqJ0kF1_oL0&feature=youtu.be).
Em que o brasileiro desabafa e cospe críticas pesadas a nossa política, a
economia, a precariedade na saúde, a corrupção descarada e escancarada como
nunca antes na história desse país fora vista tão banalmente excessiva. Além
das medidas paliativas do governo como o bolsa família, a má educação de um
lado e do outro o superfaturamento e gastos do erário publico para a realização
da copa 2014. Que até o atual momento não deixará melhorias visíveis para a
população, talvez a farra das empreiteiras desfrutem tais melhorias que
edificará simbolizada nos elefantes brancos.
"O Brasil não só tinha condição
de sediar uma Copa, como tinha a condição de sediar a maior Copa de todos os
tempos. Assim como todos, eu fui enganado. Eles tinham divulgado que 90% do
gasto seria de dinheiro privado. Hoje temos quase 98% de dinheiro público,
gasto totalmente errado. Dinheiro que a gente poderia colocar em outras áreas
que são extremamente precárias, como educação e saúde. O que vejo de mais
errado é esse gasto astronômico, totalmente fora do planejado, e o
enriquecimento ilícito de vários políticos (...) Acreditei nos três. No Lula,
na Dilma e no Ricardo Teixeira. É uma maioria bem grande que acreditou. Quem
não quer uma Copa do Mundo no país? Principalmente com todos os gastos vindo de
empresas privadas. Mas, infelizmente, virou totalmente contra o que era lá
atrás e virou uma roubalheira". (Romário)
Célio limA. (ATIVISTA CULTURAL) É filósofo por natureza; anarquista por tesão e
poeta por diversão. Membro fundador dos movimentos literanarkos: A Sociedade
dos Filhos da Pátria; A Liga Espartakista-Sempre Mais & O Movimento Poético
Geleista!!!. AtuanosBlogs:http://salveopoetasalve.blogspot.com.br/http://sexopoemaserocknroll.blogspot.com/http://poetasdemarte.blogspot.com/ http://tribunaescrita.blogspot.com/
Críticas pesadas de Ney? Só vi vômitos banais de uma classe média acéfala. Entrevista rasa. Não é a toa que a Veja o elencou como herói da semana. Esse tipo de raivinha, a la TV Revolta do Facebook tem sempre uma base reacionária, de discurso de ódio que bate na porta do fascismo.
ResponderExcluirO PROBLEMA NÃO É A COPA? É sim! Pois o problema é o que se põe como problema. A Copa mostrou aos brasileiros que havia dinheiro para construir estádios. Havia também possibilidade de mobilização ministerial para fazer as coisas rapidamente. Então, as pessoas tiveram na cara, estampado, a verdade que elas sabiam, mas que nunca foi tão evidente e tão jogada como tapa no focinho de todos. Isso não revolta alguns. Mas revolta outros. Há brasileiros como eu que não se conformam de ver as pessoas jogadas no chão em hospitais ou então andando quilômetros para chegar numa escola em que não haverá aula (às vezes nem água), com o professor ganhando nove reais a hora aula. Sim, sou um bobo. Para mim, não vai ter Copa. Não vou conseguir ficar alegre. Mas sei que muita gente vai ficar bem alegre. Aos alegres, a alegria. Paulo Ghiraldelli
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