Viajantes Interplanetários

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Cinemarte



Filmes com professores

            Como professor recém-ingressado no Estado de São Paulo, gozo e sofro na pele os desafios que a área da Educação proporciona. Não tem sido uma tarefa fácil e a realidade foge de qualquer modelo idealizado que os filmes (ficções como eles são, mesmo baseados em fatos reais) geralmente nos apresentam. O clichê do professor que enfrenta a resistência de uma sala e (depois de sua persistência e didática inovadora e olhar diferenciado aos alunos) conquista os discentes e muda suas vidas é ainda um longo caminho a ser percorrido e alcançado, com muitas pedras nos caminhos, um eterno dilema drummondiano. Mas filmes, ainda sim, inspiram e nos dão o exemplo, principalmente, de que, como docentes, não podemos desistir daqueles que mais precisam de sua mediação e conhecimento para lidar com as informações que pululam o tempo todo e as cobranças que a sociedade, voltada à exclusão e ao tão ultrapassado e ainda vigente determinismo social, fará. Tive professores que marcaram a minha vida, na vida e na ficção. Seguem aqui aqueles que deram ótimas aulas na sétima arte.

Meu Mestre Minha Vida – Morgan Freeman numa escola barra pesada. Filme clássico da Sessão da Tarde que vi e revi durante minha infância e adolescência.


Nenhum a Menos – Singela história dirigida por um Zhang Yimou pré-filmes de artes marciais sobre uma professora de 13 anos que tem que resgatar um dos alunos que abandonou as aulas para trabalhar e, assim, evitar a evasão escolar da região rural onde mora. Este singelo drama revela uma estória de persistência e as condições precárias de muitas instituições de ensino que mal possuem um espaço, até mesmo um giz para trabalhar.


Sociedade dos Poetas Mortos – John Keating talvez seja, ao lado do personagem de Sidney Poitier em Ao Mestre Com Carinho, o professor mais popular do cinema. “Oh Captain, my captain!”. Como esquecer dele?


Escritores da Liberdade – Baseada em fatos reais, mostra o professor que enxerga os alunos como pessoas que podem superar sua condição social e, principalmente, querem ser vistos e ouvidos. A paixão e dedicação de Erin Gruwell (Hilary Swank) por aquilo que faz é tanta que ela abdica da vida pessoal para ajudar seus alunos e os conquista (e ao espectador também) por completo.


Donnie Darko – Ela não é o foco principal do filme, porém a professora vivida por Drew Barrymore neste cult movie faz um trabalho ousado com os alunos estudando um conto de Graham Greene (The Destructors) considerado imoral e escandaloso. Este ótimo trabalho mostra aqueles professores que tentam o diferente, fogem ao lugar comum e podem ser mal interpretados pela direção e pais e, muitas vezes, punidos por isto.


Entre os Muros da Escola – O professor aqui não é um salvador da pátria, enfrenta a resistência e as dificuldades em estabelecer um diálogo pacífico com os alunos o tempo todo, tenta ser plural numa sala com discentes de várias etnias, é falível como nós também o somos. Um filme necessário para quem quer seguir a carreira docente, provocador, realista e comovente.


A Onda – Esta obra mostra mais os limites de uma educação que deve sempre visar a contextualização ao aluno, separar o material ensinado em sala de aula com a realidade ao redor deles. O professor que perde o controle dos seus alunos durante aulas sobre o totalitarismo e governos autocratas, fazendo-os sentir parte desse sistema foi baseada em fatos reais. 
 


Pro Dia Nascer Feliz – A realidade de diversas escolas e alunos de classes sociais diferentes num retrato sincero do universo escolar brasileiro, suas falhas e acertos, sem tirar o foco da figura principal deste processo todo: o aluno.

 
Half Nelson – Professor também tem problemas pessoais e muitas vezes o aluno pode ser o seu principal apoio ou fonte de resgate como aponta este belo drama com Ryan Gosling, um professor de História viciado em cocaína que encontra na amizade de uma aluna de 13 anos uma maneira de suportar ou superar os problemas pelos quais vem passando.


Muitas omissões foram feitas. E aí, habitantes de Marte, quais foram os seus professores cinematográficos favoritos?

3 comentários:

  1. "Oh Captain, my captain!” saudades desse ator maravilhoso que nos trouxe tantas alegrias durantes décadas! Bela postagem, como sempre meu caro.

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