Votei em Luciana Genro no
primeiro turno. E vou votar em Dilma no segundo. Com isso, não estou querendo
dizer que uma grande esperança tomou conta do meu coração. Tudo não passa de
relação entre tática e estratégia. De possíveis pequenos passos na direção de
um esquema “progressista”, que nos levaria a um provável “estado-de-bem-estar”
tupiniquim, A MÉDIO PRAZO. São meras suposições para um possível futuro menos
ruim, um suposto mal menor. E ainda o seguinte: toda essa história não descarta
a necessidade dos diferentes tipos de luta (classista, ambiental, existencial,
espiritual, etc). A luta vai continuar, companheiro, mesmo se Dilma vencer no
segundo turno (a luta continuará, com Dilma ou sem Dilma).
E agora a bronca polarizou com
clareza: projeto “neo-liberal” VERSUS projeto “progressista”. A tarefa mais
urgente, e momentânea, é neutralizar o esquema neo-liberal de Aécio e CIA. Pra
isso, inevitavelmente, tornam-se necessários os acordos táticos e pontuais com
setores de “centro-esquerda” de partidos como PTB, PROS, PDT, PR, PSD, PP, PMN,
PRB, PPL, PSB, PV, PSC, REDE, etc. Quanto ao PSOL, no meu ver, deveria
suspender circunstancialmente o pendor para o esquerdismo infantil, e apoiar
Dilma neste segundo turno, com um voto crítico. O voto nulo seria, mais uma
vez, uma infantilidade infrutífera, já que a tarefa mais urgente é mesmo a
neutralização circunstancial do esquema monetarista neo-liberalóide, com os
setores progressistas do PT capitaneando pequenos passos na direção de um
“estado-de-bem-estar”, A MÉDIO PRAZO, em pequenas mudanças paulatinas e
graduais, por etapas. (Vou ficar com o mal menor pra evitar o mal maior).
O centro da questão não é:
condenar TOTALMENTE o partido B ou C. Pois o eixo central da questão é: qual a
dosagem POSSÍVEL de distribuição de renda e acomodação de diferenças em
determinado contexto apesar de determinada dosagem de vampirismo e
clientelismo. Quem erra individualmente, paga INDIVIDUALMENTE. Não vou condenar
totalmente o partido A ou B; assim como não vou condenar todo o campo ideológico
do anarquismo porque um ou outro pequeno-burguês extremista, ou rebelde, virou
um canalhinha "anarco-individualista". (Cada partido que corte na sua
própria carne. E a luta contra a corrupção vai continuar.)
Diante da situação difícil em que
vivemos atualmente, colocar TODA a culpa nos políticos é burrice. OU esperteza.
Conforme cada caso. O poder não é uma cúpula, o poder é uma teia (que inclui
parcelas dos estratos altos, médios e baixos). Ficar apenas projetando uma
postura unilateral ou APENAS jogando merda no ventilador, não vai ajudar (vai
mais atrapalhar, confundir, desviar). Quem está interessado em desviar de um
aspecto principal para um aspecto “secundário”? A extrema-direita está
incentivando o assassinato de TODOS os políticos. Mas os black-blocs TAMBÉM
estão aconselhando essa eliminação física. Pra burguesia, vale também enfatizar
EXCESSIVAMENTE o impossível pra desviar do POSSÍVEL. E é aqui que os
anarquistazinhos radicalóides e os marxistas ORTODOXOS caem na armadilha que
eles não conseguem enxergar, porque têm uma cabeça de bula: às vezes é
"bula" anarquista também. (E eu não estou dizendo que não vou
continuar lutando contra a corrupção e o vampirismo.)
Não sou filiado a nenhum partido,
mas também faço acordos momentâneos e contextuais com setores da burguesia
PROGRESSISTA, dentro de uma lógica geral ETAPISTA. Por exemplo: Edilson Silva,
do PSOL, pra deputado estadual, e Fernando Ferro (PT) pra deputado federal.
Estratégias excessivamente radicais não funcionam no Brasil. Aqui, se houver
mudanças, será por etapas, paulatinamente, gradualmente. (ISSO NÃO DESCARTA OS
DIFERENTES TIPOS DE LUTA). E eu não estou procurando pureza absoluta na Terra.
Tou interessado na dosagem POSSÍVEL de distribuição de renda e acomodação de
diferenças em cada contexto específico, apesar de determinada dosagem de
“corrupção”. Dos males, o menor, CIRCUNSTANCIALMENTE.
No segundo turno, o arco de
alianças CONTEXTUAL em torno do PT tem mais chances de pender para um esquema
democrático-popular MINIMAMENTE “à esquerda”, ou seja: uma possível hegemonia
de “centro-esquerda” dentro do arco de alianças, onde setores de centro-direita
entram como aliados táticos e circunstanciais. A meu ver, essa possibilidade
“progressista” é menor quando se trata do arco de alianças em torno do PSB ou
dos marinistas. Sendo assim, o PT seria um mal menor, se comparado com a ala
direita do PSB ou da REDE. Já que estas alas à direita são, atualmente,
hegemônicas dentro do PSB e da REDE. Quanto ao PT, dentro deste partido a
hegemonia interna atual está com setores de “centro-direita”, mas com uma
possibilidade de, num futuro próximo, os setores de “centro-esquerda”
tornarem-se hegemônicos, junto com um pequeno campo de esquerda propriamente
dita, o que já está acontecendo no PT de Pernambuco, por exemplo.
Tenho dito. E repetido.
Oh, Yes. Podes Crer.
Zé de LARA – 08/10/14
Interessante Everson: colocar toda a culpa nos politicos é burrice.
ResponderExcluirO drama tupiniquim é a nossa cultura (ou a falta de) falta de retilinidade de caráter, é questão do "jeitinho". Pois houvesse consciência de que todos são responsáveis, certamente inexistiria a lama onde a sociedade está estruturada. Para todo o lado em que olhamos, o que vemos? Meias-verdades, sofismas, maquiavelice...
Votar em A, B, C, ...Z, mudaria a consciência geral da sociedade, faria com que as pessoas, inclusive políticos, homens públicos, midiáticos, deixassem o ego de lado e se tornassem um pouquinho mais responsáveis, menos egoístas, mais humanos? Eu acho que não!
Um abraço.
Falou bonito Dilmar
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