Viajantes Interplanetários

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

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recife
terça-feira 31 de julho
três e meia da tarde
à espera de um milagre
de um filho
de um ônibus
quiçá um poema
no abre e fecha do sinal
meninos gritando
pipoca doce salgada
a madame aciona o limpador
do para-brisas de sua bmw preta
no afã de inibir os limpadores
que na rua fazem o serviço por uma moeda
à tardinha ali na ilha do leite
sopra um vento forte
que vem do Capibaribe
quando uma moça bonita me olha
e faz cara de peninha
ao notar no meu braço o curativo
da última sessão de diálise
de repente
parece que passam todos os ônibus do mundo
menos o que me leva para casa
e fico eu ali parado
enquanto o vento forte que vem do Capibaribe
desalinha os cabelos da secretária apressada
que atravessa a rua
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Múcio de Lima Góes, 

Um comentário:

  1. Belamente angustiante este poema, o tempo passando nu na frente e a impossibilidade momentanea ou final ? na espera do tempo, do seguir, do viver...
    ps. Carinho respeito e abraço.

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