Viajantes Interplanetários

domingo, 12 de setembro de 2010

HAICAIS DE DOMINGO

Por: D.Everson
Breve história do Haicai.

O haicai (cujo o significado é “poema de 17 silabas”) remonta ao século VII d.c, nesse período surge o Waka com versos de cinco e sete fonemas equivalendo as sílabas métricas ocidentais. Daí por diante a poesia tradicional japonesa empregará tal método. Os primeiros Waka foram reunidos no Man’yôshu a maior e mais antiga coletânea poética japonesa com 20 volumes e cerca de 4.500 poemas. A forma de terceto do poema como o conhecemos hoje atingiu seu apogeu no século XVII, quando segundo Guttilla (2009, p. 7)
“Matsuó Bashô (1644-1694) filho de samurai e samurai por nascimento, renuncia à sua classe social para, aos 25 anos, torna-se monge andarilho. Em sua jornada de auto conhecimento, Bashô eleva haicai a condição de Kadô (ou “caminho da poesia”) infundindo a visão do mundo zen em sua criação, herança do confucionismo e do Budismo da estirpe Mahayana – principalmente a crença na interdependência de todas as coisas da natureza, as grandes e as pequenas.”
No entanto segundo o escritor Millôr Fernandes em seu livro Hai-kais comenta que algumas pessoas afirmam que Bashô teria sido ultrapassado, tanto em inspiração quanto em popularidade, pelo poeta do século posterior (XVIII) Ytacaro Kobayashi (Issa).
O haicai surgiu no Brasil junto ao movimento nacionalista da geração de 30 segundo Franchetti (2008)
“O haicai japonês aparece, então, como ideal de coloquialidade, de registro direto da sensação e do sentimento e como forma adequada ao tempo rápido do presente. E também como modelo literário não-europeu para o projeto nacionalista brasileiro, que visava, nas suas palavras, "romper os laços que nos amarram desde o nascimento à velha Europa, decadente e esgotada".
O haicai fora mencionado a priori no Brasil no ano de 1919 por Afrânio Peixoto (historiador e crítico literário) após a chegada dos primeiros imigrantes da terra do sol nascente, ainda segundo Franchetti (2008)
“A primeira aparição significativa do haicai nas letras brasileiras ocorreu, portanto, por via européia, em consonância com o interesse que nele tiveram as vanguardas do primeiro pós-guerra. Nesse momento, nada indica, entretanto, que houvesse no Brasil alguma repercussão do interesse pela forma nas vanguardas em língua inglesa.” Guttilla (2009, p. 18)
Vários poetas e escritores brasileiros, Mário Quintana, José Paulo Paes, Drummond, Millôr dentre outros adotaram o terceto (haicai) como forma de expressão literária, contudo só nos anos 80 é que o haicai se consolida no Brasil.
“Nesse contexto, a publicação, em 1983, de Caprichos e relaxos, coletânea de poemas e haicais de Paulo Leminski, pela editora Brasiliense, constituira um marco no meio editorial, com grande reflexo na imprensa especializada. Revelado na década de 1960, na revista Invenção, o poeta irá atualizar o haicai por meio de poemas despojadamente líricos. Influenciado pela escola Shômon, de Bashô e discípulos, observando e praticando em sua oficina poética princípios do zen-budismo, Leminski promoverá a conexão do haicai de estirpe modernista com regras clássicas centenárias, tornando-se a mais importante referencia para a novíssima geração de poetas.”
Hoje esperamos contribuir para disseminação dessa cultura milenar, através do blog Poetas de Marte e desse pequeno histórico remontado aqui por esse que vos escreve essa coluna. Dês de já desejo uma boa leitura a todos, espero que com esse pequeno resumo histórico tenha contribuído um pouco mais com o aquisição cultural de todos aqueles que habitam esse blog, vida longa ao haicai.
Bibliográfia:
BOA companhia: haicais. São Paulo: Companhia das letras, 2009. 189 p.
FERNANDES, Millôr. Hai-kais. Porto Alegre: L&PM, 1997. 128 p.

FRANCHETTI, Paulo. Alea : Estudos Neolatinos. O Haicai no Brasil. V. 10, n. 2, jul./ dez., 2008. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-106X2008000200007&script=sci_arttext&tlng=en> Acesso em 12 09 2010.


Próximo domingo daremos início apresentando o primeiro poeta dá série HAICAIS DE DOMINGO da coluna de mesmo nome.

5 comentários:

  1. Eu curti e aguardo desde já o próximo domingo!

    Abraço!

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  2. Como ele continua modesto!
    Breve história hein? hahaha
    Isso foi uma verdadeira pesquisa :D
    ADOREI o/

    :*

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  3. Muito bom remetamo-nos a cultura, que ela nos torne sequazes.

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  4. Porra Daniel,
    Esgotasse o tema, velho.
    Alta sacanagem!!!

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