Viajantes Interplanetários

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desmantelo Azul

Então pintei de azul os meus sapatos 
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos 
e colori as minhas mãos e as tuas


 
Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas

Enfim, nós derramamos simplesmente

azul sobre os vestidos e as gravatas

 
E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço

pudesse haver de azul também cansaço

 
E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nascia um sul

vertiginosamente azul: azul.


Carlos Pena Filho

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