Assistir a Os Vingadores – The Avengers trouxe-me à cabeça aquela velha
questão tão abordada na ficção: O mundo precisa de heróis? Acredito que sim,
mesmo que estes não tenham super poderes, mesmo que eles não sejam oriundos de
outro planeta ou frutos de um relacionamento infiel entre um deus grego e uma mulher.
Os filmes ajudam a tornar este sonho em realidade cinematográfica. Síntese dos
valores de seu tempo, os heróis são, antes de tudo, humanos ou adquirem
humanidade para que assim possamos nos afeiçoar a eles e lançar nestes nossas
esperanças ou para simplesmente torcer pela sua vitória. Geralmente salvam o
mundo de grandes ameaças, muitas vezes causadas pelo próprio homem em sua
megalomania e desejo de dominar o universo ou, mais modestamente, o próprio
Planeta Terra. Os heróis são os grandes exemplos a seguir. Isso data desde os
antiquíssimos poemas épicos de Homero e costumeiramente são atualizados para os
nossos cínicos dias atuais.
Ainda prefiro os heróis que em nada
assemelham-se aos retratados nos quadrinhos (por mais divertidos que sejam
Thor, Homem de Ferro, Hulk e Capitão América, só para citar os que integram o
mais novo blockbuster do momento).
Aqueles que lembram a vida real. Não à toa, Atticus Finch, vivido por Gregory
Peck no clássico O Sol é Para Todos,
foi eleito o maior herói do cinema americano pelo American Film Institute, mais
pelo o que prega e batalha na obra baseada no livro da escritora Harper Lee do
que por superpoderes, ficando à frente de personagens como Indiana Jones e
James Bond. Nada de raios gamas, visão de raios x, capacidade de voar, mutação,
apenas um senso de justiça e do certo o catapultaram ao topo da lista.
Os
Vingadores
nasceu dos quadrinhos, vale lembrar que talvez a adaptação mais completa feita
até hoje dos gibis (pelo menos entre as que eu assisti) é a do último Batman – O Cavaleiro das Trevas, mas
quem chamou a atenção não foi o herói-título vivido pelo Christian Bale e sim a
caracterização assustadora do vilão Coringa interpretado por Heath Ledger.
Acredito que eu não seja o único a ter um fascínio pelos antagonistas de qualquer
estória (afinal são eles que movimentam as tramas para a frente), desde que, claro, fujam ao maniqueísmo, mesmo que os heróis dos quadrinhos vivam praticamente desta dualidade "bem vs. mal".
Dora (Fernanda Montenegro) de Central do Brasil e Forrest Gump (Tom Hanks) do filme
homônimo talvez tenham sido os heróis do cinema que mais me marcaram . E não
eram exatamente exemplos de perfeição, nem sequer considerados heróis assim por dizer. Um, com um QI abaixo da média, sem
querer participou dos maiores eventos da história americana, outra procura uma
espécie de redenção ao levar um garoto órfão ao encontro do pai. Talvez
aproximem-se mais de uma outra categoria de personagens que serão descritos
logo a seguir: os anti-heróis.
Não podemos esquecer dos anti-heróis, aqueles
que manifestam mais defeitos que virtudes, que no final lembram nós mesmos e
superam suas limitações e idiossincrasias em prol de um objetivo ou
simplesmente não dão a mínima em melhorar como pessoas. E o cinema brasileiro
está cheio deles, talvez por uma falta de um espelho na vida real (o mais perto
que chegamos de um herói foi o ídolo do esporte Ayrton Senna). Esta falta de
identificação pode explicar, por exemplo, o frisson causado no grande público
pelo Capitão Nascimento (sem desmerecer o trabalho incrível de Wagner Moura no
papel) do fenômeno Tropa de Elite,
um policial truculento, violento que luta contra o tráfico e a própria polícia
no primeiro filme e contra o "sistema"
no segundo (Tropa de Elite 2 – O Inimigo
Agora é Outro).
O cinema tem um caldeirão de exemplos de
heróis: estereótipos, clichês, lineares, complexos, ambíguos, em crise,
adaptados de quadrinhos, literatura ou frutos da cabeça de algum roteirista
tresloucado, que nos divertem, nos ensinam, nos inspiram a fazer a diferença
aqui na nossa realidade. Afinal, já cantou David Bowie: "We can be heroes".
Wesley, bom dia!
ResponderExcluirNecessitamos de heróis, é bem verdade, concordo plenamente com o ponto de vista exposto em sua postagem. O que me intriga é o fato de(todos nós,expectadores da história, mídia maldita,etc..) não elegermos como ícones, pessoas que contribuíram para a nossa evolução, seja ela científica ou moral.
Façamos uma pesquisa nas ruas perguntando tem maior importância na concepção de exemplo de ser humano:Paulo Coelho ou Machado de Assis;Stephen Hawkings ou Pachecão(professor de física circense de São Paulo);Paulo Autran ou qualquer modelo idiota que se mete a ator na novela das nove...
Bela postagem, como sempre! Muita paz!
Tem razão, Cristiano!
ResponderExcluirA falta de memória ou de informação do brasileiro faz com que ele privilegie nomes que em nada contribuem para a nossa história, cultura, ciência etc. Os heróis estão aí mas ninguém enxerga.
Abraço!
Você resumiu muito bem o que quis dizer!
ExcluirForte abraço!
Todos precisam de heróis, se não de carne e osso, pelo menos de mentirinha. Não há necessidade de calcarmos nossos heróis em gente de verdade, mas se existirem melhor. Aqui fica minha sugestão de heróis brasileiros:
ResponderExcluirSantos Dumont;
Marechal Rondon;
Irmãos Vilas Boas;
Getúlio Vargas;
Manoel Demétrio (herói da guerra do Paraguai e, por acaso, meu antepassado);
Barão de Mauá,
Belmiro Gouveia;
Barão do Rio Branco;
Galvez, o Imperador do Acre;
Lampião.
Abraços e parabéns pela postagem, JAIR.
Obrigado, Jair!
ExcluirNa falta dos heróis da vida real, os da ficção cumprem a função de suprir esta ausência. Mas suas sugestões fazem-nos ver que não faltam grandes exemplos em nossa história.
Abraço!
Wesley
Enciclopédico amigo!
ResponderExcluirDevo concordar contigo nesse aspecto que vem ratificar o que o Wesley cita em sua postagem. Contudo, sobre a Guerra do Paraguai, eu tenho que declinar do asssunto. Acho que esse conflito foi uma imensa covardia com o povo que fala Guarani. Sua população foi dizimada covardemente. Quem sabe eu diga isso pelo horror que tenho à qualquer guerra.
Acrescento à sua lista os seguintes personagens:
- Paulo Maluf;
- Calabar;
- Manga na copa de 50;
- Antônio Carlos Magalhães;
- Edir Macedo;
- Os dois "Bush"
P.S.: A lista é só uma grande bricadeira!
Cristiano,
ExcluirConcordo que a guerra do Paraguai foi um genocídio, principalmente quando o Conde D'eu assumiu o comando das tropas e os paraguaios já estavam batidos. Quando me refiro a Manoel Demétrio não estou defendendo a guerra, estou apenas dizendo que ele foi um herói naquela guerra. Também sou antibelicista, mas reconheço atos heroicos em qualquer situação que eles ocorram. Abraços, JAIR.
Um dia conseguirei redigir um texto tão gostoso de ler assim. Esse cabra sabe envolver o leitor. Parabéns meu caro pela bela postagem.
ResponderExcluirObrigado, D. Everson!
ExcluirAinda mais ainda pelo "cabra", lembrou o meu pai rsrs
Abraço!
Irei baixar o filme O sol é para todos, se a minha namorada não assistiu verei com ela que manja tudo de filmes hehehe
ResponderExcluir