Viajantes Interplanetários

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

É NODA! — #09

GAVETA: GRANDE NEGÓCIO?
“abrindo um antigo caderno / foi que eu
descobri / antigamente eu era eterno”
(Paulo Leminski)


Quem participa ou pelo menos sonda os editais de concursos literários já deve ter percebido que grande parte deles exige o envio de obras inéditas. Acho realmente massa que aja uma preocupação em se buscar o novo, ou melhor, a originalidade. Afinal, o Eclesiastes já dizia que debaixo do sol, não há nada novo.
Tudo bem, tranquilo, concordo. Mas algo me incomoda na formulação de certos editais: alguns não são claros ao que diz respeito à obra inédita. Um poema postado no blog perdeu seu ineditismo? Publicação só é aquela com ISBN? E os panfletos e mosquitos? O videopoema que não há registro do escrito, como fica?
Essas minhas indagações bobas me fazem me debruçar sobre a problemática dos meios de publicação e divulgação da obra. Se as comissões que elaboram os editais não forem transparentes, desgastes desnecessários acontecerão. É preciso ter consciência também, que hoje o autor possui as suas próprias ferramentas e não mais depende de editoras vampiras para a circulação de sua obra. Ou melhor ainda, estão pouco se fudendo para pedir autorização para alguém lhes publicar.
Cabe o relato de um caso interessante: em 2011, meu conterrâneo Daniel Lima, aos 95 anos, foi o grande vencedor do Prêmio Alphonsus de Guimarães (poesia) da Biblioteca Nacional. Sua obra até então esteve completamente inédita: 27 livros, sendo 13 de poesia e 14 de filosofia. Foi pela vontade do próprio autor manter os livros na gaveta, não havia nenhum interesse em sair do seu círculo de leitores amigos para os concursos e premiações literárias. O envio dos originais foi feito por uma amiga do escritor.
Acredito que o caso de Daniel não seja único, mas está longe de ser unânime. Tem muita gente por aí querendo ser lida. É claro, quem quer se aventurar com os editais deve seguir as regras do jogo. Chororô sem cabimento é feio e pega mal. E uma coisa eu digo: há vida fora dos editais.
  

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Fred Caju responde pelas suas próprias opiniões, que não estão necessariamente em unanimidade com a equipe do blog, que preza pela livre iniciativa de seus colaboradores.
            

22 comentários:

  1. Limerique

    Quem escreve come na mão do editor
    Pois só os tubarões alcançam o leitor
    Mas existe um truque
    Publique um e-book
    E mande os tubarões para onde for.



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  2. Ainda bem que há vida fora da corja politicputa do MINC, esse ministério fudido que paga uma cacetada p um bruxa fazer videozinhos que nunca vi falar. Viva a arte independente, fora do alcance desses vampiros filasdaputa.

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    1. Nessa quinta Suplicy toma posse. Resta ver como será essa gestão...

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    2. Será q mudará em algo? Ando muito descrente de qlq coisa q me faça depender de qlq um além de mim mesmo. Sem nenhuma ofença aos parentes e amigos. Mas msm assi, acho q me falta estômago para qrer depender de um desses políticos fdps.

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    3. Eu não vou defender, mas não ataco. Os progressos do Minc em 10 anos mudaram e muito a configurações dos editais e acabaram com o mecenato de FHC e seus comparsas. Há muito o que melhorar, e espero que melhore.

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    4. Esse papo está me lembrando a canção "A voz do dono e o dono da voz", do Chico Buarque.


      Fora isso, acho muito interessante os concursos, contudo a coisa atualmente perdeu um pouco o sentido quando se classifica alguém como melhor ou pior.

      Porra, convenhamos, na ABL figuram José Sarney, Ivo Pitangui e Paulo Coelho.

      O Suassuna e o Ubaldo devem se entreolhar e indagar:merecem?

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    5. Em tempo: A Marta, ao meu ver, vai fazer uma gestão ridícula tal qual a Buarque fez. Não é político que deveria estar no meio disso senhores. Eu acho que Ferreira Gullar faria muito bem esse papel por exemplo. Se não me engano, ele já ficou com essa pasta no mandato do Jânio ou do João Goulart.

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  3. Limerique

    Sou quase inédito escritor
    Porque comi na mão do editor
    Agora acabou a teta
    Repleta minha gaveta
    Lerão meus textos quando eu me for.

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  4. Concordo, boy!
    Acho q principalmente por conta da internet, existem muitas outras alternativas além do livro. Depender da boa vontade das Editoras, ainda mais com poesia, é q é foda!
    É de se ressaltar o exemplo de Chacal e de toda aquela galera q na década de 70 se publicava com um mimeógrafo. Hj em dia, temos impressoras, xerox, ebooks, o caralho a 4, por isso só fica na gaveta (ou no armário) qm quiser.

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    1. Nós temos que aprender com os cordelistas. Colocar o que escrevemos num varal....

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    2. Outra coisa, Lucas! Esse"Concordo,boy!" foi pra sacanear o"Tudo bem, tranquilo, concordo."do Caju?

      RSRSRSRSRSRSRSRSRSRSRS

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    3. "Sair do armário? Bom demais!"
      Que porra é essa Caju! kkkkkkkkkkkkkkk


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  5. NÃO ACREDITO EM MILAGRES ISSO TUDO É JOGO DE COMADRES

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    1. O fato, poeta da gota serena, é que nesse país tupiniquim, do qual eu gosto tanto, as coisas não são feitas a médio e longo prazo. Não como fazer um trabalho continuado decente, se após quatro(ou no máximo oito)anos, muda toda a equipe, para atender as necessidades de partidos. Caso emblemático do PMDB.
      Os cargos de ministros não deveriam ser cargos comissionados.Eles deveriam ser funcionários públicos concursados que independessem do partido que assumisse o executivo.

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    2. complica camarada Cristiano, irei é começar aprender frânces e me mandar para o Canadá onde não tem samba e eu não irei dançar uauauauaua

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  6. Muito interessante este blog Poetas de Marte, vou voltar a ele ainda várias vezes, porque é rico de poesia.
    abraços
    francisco miguel de moura

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