Viajantes Interplanetários

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

É NODA! — #10


A PARTE MAIS FRACA DA TRÍADE
“não é o que o autor nomeia,
é o que o leitor incendeia”
(Affonso Romano de Sant’Anna)


Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão. Aposto alto. Aposto a bunda que a maioria conhece o versinho acima; talvez até mais com esparrama, e nem me interessa saber qual é a “certa”. Baixo a aposta e tiro o cu da roda: quem sabe de quem é a autoria? Aí sim é que estou pouco me lixando mesmo, mas se alguém souber se manifeste, por favor... Em tempos da divindade Google, nada é tão difícil.
Sempre acho os poetas engraçados. É muito curioso o modo como alguns esperam pelo reconhecimento de seus versos, uns até falam em suas obras póstumas antes mesmo de chegar aos trinta anos. Creio que levam a sério demais o lance que poeta bom é poeta morto. Será que a Morte vai reescrever o ridículo que deixaram em vida? Às vezes penso.
Além dos grandes autores póstumos vivos, há um tipo curioso também, igualmente engraçados: os iluminados. Estes aí pensam que os leitores (não os seus, pois normalmente são apenas os seus amigos) ainda estão no século XVIII à espera que o caminho do conhecimento seja aberto para eles... Ah, meu luminoso colega de versos, quando você descobrir que tu és a parte mais fraca da poesia, o que vai ser de você? Às vezes penso.
Alguém tem todo o direito de me colocar na parede: e se ninguém escrever como é que fica?! Tudo bem, tranquilo, concordo. Embora hoje indispensável, a humanidade já soube se comunicar sem a escrita, além do que, a poesia está na vida, não no papel. É sempre bom lembrar.
Os leitores sempre existirão e ao longo dos anos vão determinando a importância da obra; a obra, sendo boa, espalha a rama ou esparrama; o autor, sendo bom, desaparece. O anonimato deveria ser céu de todo artista verdadeiro, mas o individualismo nosso de cada dia nos faz distorcer a imagem do que realmente importa.
O seu leitor, a sua obra ou você?


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Fred Caju responde pelas suas próprias opiniões, que não estão necessariamente em unanimidade com a equipe do blog, que preza pela livre iniciativa de seus colaboradores.
        

12 comentários:

  1. Vixe, Caju! Que bronca é essa? Muito polêmico, mano. Muitos pontos: de vista (autor e leitor), de obra, de arte, de vida. Também teço alguns pontos sobre o q foi tecido. Certamente, não sei quem é o autor da Batatinha quando nasce. Se o souber, compartilha, pois fui ao Deus Google e não obtive respostas suficientes. Acredito ser necessário também saber quem é o autor, se possível; senão-senão... Vi essa polêmica q citou: espalha a rama pelo chão ou esparrama pelo chão. Não defendo o “certo”, mas acredito que o “espalha a rama”, como as outras “correções” que são feitas na “infernet” a respeito de ditados ou quadrinhas populares(mesmo q algumas até estejam “corretas”, como o “esculpido em carrara” pelo “cuspido e escarrado”, não é “correto” desautorizar – vale o trocadilho! – o uso do popular!). Isso é uma forçação de barra, mesmo porque esparramar é um verbo legítimo do português e porque, com ele, a quadrinha se mantém no mesmo padrão de verso: o de sete sílabas, uma das marcas dessas quadrinhas populares. Então, é um a um. As duas são legítimas expressões de seus lados. E mais: são umas tristezas esses poetas de q escreveu. Tô fora desse grupinho. Minha poesia é vida; minha vida é iluminada de poesia, por ela... Estou presente, mas a poesia está na vida, e TAMBÉM nos tipos do papel, no ar da música, nas imagens da tela, do vídeo, no movimento da dança. Quanto ao “anonimato” q deve ser o céu de “todo artista verdadeiro” (conceito dificilzim esse, hem?), isso já ocorre hoje na Infernet, essa “dissolução autoral”. O engraçado é que isso foi regra no princípio da utilização da escrita por conta de q o “escriba” era um funcionário. Hoje, somos também “trabalhadores” da arte, mas queremos uma “coisinha de sal” também. A arte que produzimos, sim, é do público; mas há pessoas q se afirmam como autores do outro lado, e não se deve, nesse caso, acreditar-se q é a “parte mais fraca”. Não sou arrogante pra arrotar “superioridades”, mas, como já cantaram uns camaradinhas por aí, “a gente não quer só dinheiro./ A gente quer dinheiro e felicidade”. Valeu, Caju. And take it easy! Skank!

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  2. Rapa se os três fizessem uma suruba cultural seria massa! Toda via apenas um sobrevive, às vezes as avessas. Nada adianta criar uma coisa e não levar nem um tapinha nas costas de foi massa meu veio o que vc fez. Fazer nome hoje tá difícil, até por que como diria Caju em ouotros textos dessa coluna: hoje qualquer um se acha poeta, embora se pensarmos confluentemente com a linha raciocinária pós-moderna esses bostinha estão corretos, tendo em vista que esse tal de pus-moderno ( como diria célio lima) é mesmo a desconstrução do que chamamamos de arte, seja ela de que forma for. Sei uma coisa que assim como a música virou uma putária, raramente aparece um grupo/artista novo com uma proposta interessante o mesmo acho dos nossos escritores. No mais se é entropia que eles querem te junta a turba ou nada p outra foz e pede ajuda. hahahha Caju vc não é nada besta apostando o fiofó nesse cavalo campeão! Não fama, quero apenas ter espasso p publicar e ser reconhecido como colaborador fulgás do momento ilusório poético de retirar as pessoas um pouco dessa realidade caótica chamada rotina, através da leitura de uma poesia, mesmo que ela não seja boa - mesmo que ela seja pós-algo.

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  3. Se fudeu! Conheço o verso não.

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  4. Rapaz, cada um compra o caixão q pode e qr. Qm quiser se enterrar em vida, faça o bom favor de desaparecer.
    Rapaz, achar-se "iluminado" é uma boa merda, boa perda de tempo. Pedantismo nada mais faz do q porra nenhuma. Não consigo pensar q um pedante, arrogante e etc., nada mais é do q um grande invejoso inseguro, pessoa potencialmente perigosa (melhor manter distância).
    Mesmo não se achando o último gatorade do deserto, porém, não dá para deixar de notar q há tbm uma caretice se acumulando na poesia. Conservadorismo pesado rondando solto e chupando o sangue de muitos poetas... mas enfim... isso é outra história e nao é assunto desse post.

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    1. conservadorismo sempre existirá, afinal Lucas me diga aí se os poetas publicados pelas editoras "famosas" atualamente e sempre não são um bando de conservadores em sua grande maioria?

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    2. Duas palavras a serem evitadas: nunca e sempre.

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    3. rapa q]ue tb "sempre" esperei o fim do "nunca" mas é mais fácil levar um chute na nuca.

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  5. Poesia não tem dono. Ao se elaborar versos, você os joga no vento e ele segue o mais longe possível.Nínguém quer saber de onde vem a brisa que refresca, nem a chuva que alaga tudo.

    Quem quer viver de poesia, muita das vezes não vive na poesia!

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  6. Eita conversa boa da porra,adorei...Caju tem lá razões para os desencantos,Daniel é um frebento inquieto.Essa coisa de ser querer ser o último gatorede do deserto foi a mais engraçada.Mas falando sério,acho que há mesmo uma modinha de alguns querer ser póstumo,eu sou vaidosa demais pra isso.As vezes meu marido comenta que eu escrevo tanto,poucos comentam,que a galera gosta de coisa fútil.Que se foda é vim ao mundo com um dom e vou me expressar através dele,mesmo que não receba nada por isso,os poucos amigos que me incentivam,não estão só dando-me tapinhas nas costas,eles são meus mentores,colaboradores,porque o processo intelectual não pode ser estagnado ao isolamento absoluto.Mas o texto do Caju nos provoca e isso é mais uma coisa que sempre acrescenta,afinal porra a gente pensa.

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    1. hahahahahahaa essa coisa de ser poeta é muito trash e coloridas às vezes kkkkkkkkk

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