Viajantes Interplanetários

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cinemarte, por Wesley Moreira de Andrade


Dos filmes que não vi

São tempos difíceis... Apesar da boa vontade, nenhum filme assistido nas últimas semanas e como escrever numa coluna que fala especificamente deles?
Baixei alguns títulos, outros estrearam e saíram de cartaz sem que sequer tivesse tempo para vê-los. O DVD cheio de pó, vazio de opções, vazio de cinefilia, a poltrona da sala de cinema triste, à minha espera.
Por mais que não tenha visto quase nada, ainda assim permaneci ao par do que ocorria neste universo maluco que é o cinema, tão doido e completo em si. Poderia escrever sobre qualquer um deles: ator, diretor, festivais, afinal, a abstinência tem que ser amenizada no mínimo com informações sobre minha grande paixão e vício.
Pois bem, lembrei de como eu, na minha adolescência, versava sobre diversos filmes sem sequer ter visto algum deles. As conversas sobre filmes aconteciam geralmente nas aulas vagas e sempre tinha algum colega de classe que vira no fim de semana o último lançamento das videolocadoras ou a estreia do cinema. E quando eles começavam a contar o enredo, eu complementava dando alguns detalhes. Sempre me olhavam com surpresa e perguntavam:
- Você já viu este filme?
- Não. Mas eu li a respeito dele no jornal... Vi no programa da TV....
Era engraçado, pois me questionava quando seria a hora de assistir estes filmes que eram motivos de bate-papos. Hoje em dia, não me importaria de ter visto a grande maioria deles, muitas comédias besteiróis, filmes de ação sem cérebro, suspenses sanguinolentos. Ainda bem que não passaram de leituras de textos jornalísticos...
Também penso nos clássicos nesta questão toda. Afinal quando você se assume cinéfilo, torna-se obrigado a conhecer as obras-primas que entraram para a história. E dá-lhe FIlmes Mudos, Neorrealismo Italiano, Nouvelle Vague, Cinema Novo, Expressionismo Alemão, Cinema Revolucionário Soviético, A Era de Ouro Hollywoodiana, a Geração de 70 Americana, Filmes da Retomada do Cinema Brasileiro, Kurosawa, Ozu, Komeguchi, Tarkovski, Bergman, Visconti, vencedores de Cannes, Veneza, Berlim, Brasília, Gramado, Oscar, Globo de Ouro e os nomes e nomenclaturas surgem e se amontoam. Se disser que vi todos estaria mentindo, se escrever que gostei de todos os que compõem esta seleta lista de filmes importantes, estes filmes que formam o gosto e as opções do cinéfilo, também seria leviano. Vi os filmes fundamentais de Glauber Rocha, Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, geniais, porém não sei se encararia outra obra do cineasta atualmente. Quem sabe daqui alguns anos mais para frente? Revisar é sempre imprescindível.
Houve um tempo em que eu estava realmente preocupado em dar conta desta demanda toda, esses filmes eram meu Graal que nunca alcançaria (e sequer percebia este fato e o absurdo das minhas listas intermináveis), pois junto com eles, novos filmes surgiam, muitas obras de arte e o cinéfilo é uma pessoa só. "Retroceder-se Nunca, Render-se Jamais", de acordo com um "clássico" de Van Damme, claro. A nossa busca é árdua e tenaz, porém temos que fazê-la de acordo com o nosso tempo e com a vontade, afinal, assistir apenas pela obrigatoriedade não provoca o prazer que o filme tem que despertar, seriam 2 horas desperdiçadas. 
E a pressa e outras preocupações não podem interferir nesta ação, tudo para que ao final você saia no mínimo contente ou desconfortável (no bom sentido) diante da estória que contemplou. 

5 comentários:

  1. Wesley,
    Gostei dessa forma cinéfila de encarar a falta de filmes para comentar. Então, gostaria que você comentasse o filme "O deus da carnificina" do Polanski. Eu o assisti recentemente e tenho minha opinião, mas a reservo. O elenco é fantástico. Abraços, JAIR.

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    1. Já ouvi falar deste filme do Polanski, mas ainda não o vi, Jair. Mais um para entrar na minha (interminável) lista de pendências cinéfilas rsrs

      Um grande abraço!

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  2. vc me lembrou com esse texto o dilema do bibliotecário que sonha um dia ler todo o acervo.

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    1. E olha que eu já tive estes instintos de leitura também, D. Everson rsrs...

      Um grande abraço!

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