Viajantes Interplanetários
segunda-feira, 6 de maio de 2013
ELOGIO DA IRMÃ*
Minha irmã não escreve poemas
e é improvável que vá começar de repente a escrever poemas.
Puxou isso à mãe, que não escrevia poemas,
ou ao pai, o qual também não escrevia poemas.
Sob o teto de minha irmã me sinto segura:
por nada neste mundo, o marido dela escreveria poemas.
E apesar de isso soar como uma obra de Adam Macedoński,
nenhum dos parentes se ocupa de escrever poemas.
Nas gavetas de minha irmã não há antigos poemas
nem na bolsa os escritos recentemente.
E quando minha irmã me convida para almoçar,
sei que não pretende ler para mim seus poemas.
Suas sopas são excelentes sem premeditação,
e o café não se derrama nos manuscritos.
Em muitas famílias ninguém escreve poemas,
mas nas que isso se faz — raro é só uma pessoa.
Às vezes a poesia flui em cascatas de gerações,
nos sentimentos mútuos criando redemoinhos sérios.
Minha irmã cultiva boa prosa,
e toda a sua obra escrita são cartões postais de férias,
com um texto prometendo a mesma coisa, todo ano:
que ao retornar
tudo
tudo
tudo vai contar.
Wisława Szymborska
*Tradução:Francisco José dos Santos Braga. In: http://bragamusician.blogspot.com.br/
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Limerique
ResponderExcluirParabéns aos que não escrevem poema
Como eu não perdem em terrível dilema
Fazem o arroz com feijão
Sem nenhuma pretensão
Entre escrever ou não, vão ao cinema.