SOBRE AS QUERELAS
BRASILEIRAS
Por: Célio limA.
“Na certeza de que as visões do Brasil a
partir de suas coisas oficiais, sagradas, sérias e legais são as mais correntes
e familiares, quero aqui revela-lo por meio de outros ângulos e de outras
questões (...) uma leitura do Brasil que deseja ser maiúsculo por inteiro: o
BRASIL do povo e das suas coisas. Da comida, da mulher, da religião que não
precisa de teologia complicada nem de padres estudados. Das leis da amizade e
do parentesco, que atuam pelas lágrimas, pelas emoções do dar e do receber, e
dentro das sombras acolhedoras das casas e quartos onde vivemos o nosso
quotidiano. Dos jogos espertos e vivos da malandragem e do carnaval, onde
podemos vadiar sem sermos criminosos e, assim fazendo, experimentamos a sublime
marginalidade que tem hora para. começar e terminar. Deste Brasil que de algum
modo se recusa a viver de forma totalmente planificada e hegemonicamente
padronizada pelo dinheiro das contas bancárias ou pelos planos... dos
ministérios encantados pelos vários tecnocratas e ideólogos que aí estão á
espera de um chamado. BRASIL commaiúsculas, que sabe tão bem conjugar lei com
grei, indivíduo com pessoa, evento com estrutura, comida farta com pobreza
estrutural, hino sagrado com samba apócrifo e relativizador de todos os
valores, carnaval com comício político, homem com mulher e até mesmo Deus com o
Diabo. Por tudo isso é que estamos interessados em responder, nas páginas que
seguem, esta pergunta que embarga e que emociona: afinal de contas, o que faz o
brasil, BRASIL?” (Roberto da Mata)
A final quem nós somos? Existimos? A que será que se destina? Tal nosso
desatino? Exilamos em nosso próprio país? Para nada? Para algo? Para todos?
Para que?
O homem talvez seja uma ponte entre o macaco de Darwin e o além do
homem, como assim me falara o amigo Frederico Espirro. Portanto vou aquém e me
digo ser uma ponte entre o que for sagrado e o que for profano. Digo que apesar
de ser brasileiro vejo que ser brasileiro não se define só por gostar de samba
ou de futebol, eu to mais com um pé no rock e outro no mato, ando por entre uma
balada e um blues, exemplificando-me-ser!
Creio que essa ponte brasileira ou relação se dá no limiar/transitar do
individual para o social. É o fator que aguça a capacidade individual
criativa/potenciadora de um povo perante as necessidades já históricas pra não
dizer por natureza. Ela é o que mantém as relações desse povo em casa, festas,
trabalho, etc. É o que faz ser um povo individuo/coletivo carnavalizante-ser!
Outro fator importante que caminha de mãos dadas nesse processo e que vem
do coletivo para o individual é a esperança. Seja a fé nas religiões, fé
ideológico-utópica (política ou anárquica) a fé como fator de esperança no
progresso, ciência, evolução ou simplesmente de que as coisas mudem. Tanto faz
se seja através do jogo, da solidariedade ou do amor (amorismo).
Sim, fomos colonizados por portugueses, espanhóis, franceses,
holandeses, jesuítas entre outros fdp´s... Ainda somos? Por americanos? Pela
polarização PT-PSDB? Pela midiatização Globo-Record? Pelas empreiteiras e o
financiamento de campanhas eleitorais? Pelo agronegócio ou pela
globarbarização? Pelas bancadas evangélico-ruralista?
Apesar de discordar do preconceito do professor Ariano Suassuna e ver
que não fomos horiginalizados dos mouros ou das cores de suas cabras criadas...
Pois apesar de sermos uma mistura de todo esse processo historicamente a ferro
e fogo. Antes dos mouros o som dos relâmpagos, dos trovões e dos: “pingos de
chuvas chorados por fúrias de felicidades” já nos educavam e nos misturávamos
ao outro nos rituais antropofágicos.
Se os nossos jovens andam de skate, embolam/duelam um rap, caem num funk
ou teclam a noite-madrugadadentro em telas de tablets, celulares ou em pc’s um
consumismo americanonizado, eles aindam amam o futebol arte, mesmo diante de
todo falatório chato em prol do tic tac espanhol. Eles não trocaram ainda a
magia do carnaval das ladeiras de Olinda, das ruas de São Salvador, do curral
do samba ou embriagando-se na pauliceia, fora de época: Fortaleza. Não trocaram
o frevo pelo vale cultura de algum show da Lady Gaga ou de algum mega evento
internacional. Continuamos querendo comer o outro sim, feito sardinha, degustar
o sol estrangeiro, o universal. Sem correr o risco de esquecer o bom dos
costumes, e da cultura popular. Como no São João do Nordeste, das folias de
momo e de reis ou mitificação da espera do “tempo do espírito santo”, eterno
retorno de Dom Sebastião personificado na procissão do meu Rio de Janeiro, da multidão
fervorosa no Círio, no Juazeiro de pedras que choram por sobre cabeças do
rebanho da fé, nos duelos dos bois, no Recife pegando fogo na pisada do
maracatu etc e tal.
Vejo que da para transitar tanto no Shopping Center como na feira de
Caruaru, ler quadrinhos da Marvel Comics como devorar os Cordéis do mestre J.
Borges, da para comer o Hambúrguer do Mac... com Coca-Cola (sem rato), como Tapioca
com Café São Braz ou degustar um bom Caldo de Cana com pão doce, ir no Rancho
da Pamonha ou comer aquele espetinho da esquina com aquela Pitú fabricada em
Santo Antão do Egito como diz o “poeta”, ou
cair na night com Whisky com Red Bull.
Por fim ou por enquanto, concordo com outro brasileiro: “amar e mudar as
coisas me interessa mais”.
“O povo brasileiro pagou, historicamente, um
preço terrivelmente alto em lutas das mais cruentas de que se tem registro na
história, sem conseguir sair, através delas, da situação de dependência e
opressão em que vive e peleja. Nessas lutas, índios foram dizimados e negros
foram chacinados aos milhões, sempre vencidos e integrados nos plantéis de
escravos. O povo inteiro, de vastas regiões, às centenas
de milhares, foi também sangrado em contra-revoluções sem conseguir jamais,
senão episodicamente, conquistar o comando de seu destino para reorientar o
curso da história.(...) "O espantoso é que os brasileiros, orgulhosos de
sua tão proclamada, como falsa, "democracia racial", raramente
percebem os profundos abismos que aqui separam os estratos sociais.O mais grave
é que esse abismo não conduz a conflitos tendentes a transpô‐lo, porque se cristalizam num modus vivendi que aparta os
ricos dos pobres, como se fossem castas e guetos. Os privilegiados simplesmente
se isolam numa barreira de indiferença para com a sina dos pobres, cuja miséria
repugnante procuram ignorar ou ocultar numa espécie de miopia social, que perpetua
a alternidade. O povo‐massa, sofrido e perplexo, vê a ordem social como um sistema
sagrado que privilegia uma minoria contemplada por Deus, à qual tudo é
consentido e concedido. Inclusive o dom de serem, às vezes, dadivosos, mas
sempre frios e perversos e, invariavelmente, imprevisíveis. (...)A história nos
fez, pelo esforço de nossos antepassados, detentores de um território
prodigiosamente rico e de uma massa humana metida no atraso mas sedenta de
modernidade e de progresso, que não podemos entregar ao espontaneísmo do
mercado mundial. A tarefa das novas gerações de brasileiros é tomar este país
em suas mãos para fazer dele o que há de ser, uma das nações mais
progressistas, justas e prósperas da terra”. (Darcy Ribeiro)
OBS: Célio limA. (ATIVISTA CULTURAL) É filosofo por natureza; anarquista por
tesão e poeta por diversão. Membro fundador dos movimentos
literanarkos: A Sociedade dos Filhos da Pátria; A Liga Espartakista-Sempre
Mais!!!.
Atua nos Blogs: http://salveopoetasalve.blogspot.com.br/http://sexopoemaserocknroll.blogspot.com/http://poetasdemarte.blogspot.com/ http://tribunaescrita.blogspot.com/
Limerique
ResponderExcluirMacunaíma, o povo brasileiro
Mas vota em político quadrilheiro
Acha-se esperto contudo
Mas sempre eleitor mudo
Obedece o pobre, manda o dinheiro
JAIR CLOPES: "Sabe com quem tá falando?
ExcluirEu sou amigo do Rei...
Que importa o nome que eu tenho
Que importa aquilo que eu sou
Se eu tenho um sonho impossível
Pra mim o tempo parou
Meu nom, meu nome é Peri
Meu nom, meu nome é Zumbi
Meu nom, meu nome é Galdino
Meu nome é Brasil
Um gigante-menino
Um navio sem destino
No ano dois mil
CORO
Se eu pudesse atrasaria
Este relógio dois mil
Pra rezar na primeira missa
Pelo futuro do Brasil
ACALANTO
Inhem inhem inhem
Inhem inhem inhem
Nhem ... nhem nhem
Nhem nhem
CORO
Iê Peri iê Peri iê camará
Iê Peri camará
Peri Brasil
PERI
E eu, o que sou?
E eu, o que sei?
Macunaíma, sou eu?
Tiradentes, sou eu?
Sou eu um poeta
Sou eu um pião?
Quantos anos eu tenho
Quantos anos terei?
Eu que vivo sem, jamais saberei
Ó meu pai, não me abandone,
Minha mãe, como é meu nome
Este mundo tem lei?
Este mundo tem Rei?
CORO
Se eu pudesse atrasaria ...
Link: http://www.vagalume.com.br/tom-ze/perisseia.html#ixzz2o02yWish
Boa noite,gostei muito em conhecer seu blog,é um blog inteligente parabéns!
ResponderExcluirVoltarei mais vezes um abraço.
PREZADA NELMA LADEIRA BEM VINDA A ESSE RECANTO, SE ESQUENTE NESSA LAREIRA & PASSEI LIVREMENTE POR ESSA ALDEIA PLANETARIA !!!
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