Viajantes Interplanetários

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

OLHAR DE UM VELHO NISSEI

É TEMPO DE CAJU


Um brado contra o estabelecido, contra o predestinado, contra tudo aquilo que a escravidão moderna impõe sem aceitar um não como resposta. Assim é o lance de dados desse camarada Caju:

Dei por encerrada

minha temporada

de caça ao prestígio.

Não quero deixar

legado de nada,

vim deixar vestígio.”


Poeta da nova geração recifense, sem rótulos, vai plantando suas sementes de vanguardista para aqueles que ainda não manjaram seu jogo, seu Arremessos de umdado de viciado. Declarado leitor de Cabral, não poderia ser diferente, traz um rigor na escrita – sem deixar de aplicar uma pitada do que eu chamaria de poesia marginal – quando propositalmente estoura um palavrório

Que corta como faca o olhar de quem não esperava achar um sapo em meio ao jardim (nada mais comum).


“planto palavras minerais

em simples silentes sinais [...]”


Apesar dos declarados escritores, digamos prediletos, não larga mão de um estilo original, no qual a solidão e o olhar clínico destacam-se:

“Enquanto você se aborrece

com a minha falta de elogios

ao vestido que você comprou

há dois meses,

usou por apenas três noites

e ainda não descobriu a falha

próxima à axila direita,

eu, incorrigível ausente,

fico aqui me perguntando

o que você diria se soubesse

que as sementes de girassóis

qu’eu espalho pelo jardim

irão florir

no dia do seu aniversário.”


Pena só tenho de mim que talvez não seja mais lembrado ano que vem (sou um velho a beira da morte), já esse camarada Caju ainda ira marcar muito com a sua noda/sumo. E tem mais: agora ele anda metido a editor, e está dando certo, mesmo que o mercado abomine ações, vamos dizer assim: um tanto despretensiosas, como às vezes sugere o projeto Castanha Mecânica. Projeto que pouco a pouco vai enchendo suas prateleiras com nomes que também irão dar o que falar.

Sem mais disse me disse deixo vocês com mais um poema desse poeta danado:


                                                                                      
esse meu silêncio

é o ato mais intenso
do que sou capaz.


Laut Long Fu

3 comentários:

  1. Valeu, man.
    [O último poema do post teve o primeiro verso suprimido, ajeita aí depois.]

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  2. Limerique

    Japa falando do pernambucano
    Vates do caralho, salvo engano
    Entre outro e um
    Rejeito nenhum
    Vivem ambos acima deste plano.

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