A volta do Cine Belas Artes
Aqui em São Paulo o fechamento de um dos cinemas mais tradicionais da cidade gerou muito protesto entre o público que o frequentava. O Cine Belas Artes tinha uma programação alternativa que fugia das onipresentes superproduções hollywoodianas. Acredito que todo paulistano cinéfilo tenha tido alguma história para contar daquele local, desde a obra que marcou sua trajetória de filmes até um momento especial que tenha ocorrido antes, durante ou após a sessão. Assim como em qualquer região do país alguém
Aqui em São Paulo o fechamento de um dos cinemas mais tradicionais da cidade gerou muito protesto entre o público que o frequentava. O Cine Belas Artes tinha uma programação alternativa que fugia das onipresentes superproduções hollywoodianas. Acredito que todo paulistano cinéfilo tenha tido alguma história para contar daquele local, desde a obra que marcou sua trajetória de filmes até um momento especial que tenha ocorrido antes, durante ou após a sessão. Assim como em qualquer região do país alguém
Pelos idos de 2002, eu fazia um curso livre
aos domingos na USP e o ônibus que eu pegava passava em frente ao Cine Belas
Artes, situado na Rua da Consolação, com os letreiros tradicionais divulgando os
filmes em cartaz em sua fachada. Contorcia-me para saber os nomes dos filmes.
No retorno para casa o mesmo ônibus passava por lá e a fila formada que ia para
o lado de fora do local me fazia sentir um enorme desejo de estar lá, mas a
falta de tempo e o vazio de minha carteira eram maiores que minhas vontades.
Até que enfim consegui, em um dia útil de
semana mesmo, ir ao tão almejado cinema. O primeiro filme visto foi Cidade de Deus. Uma das sessões que
mais me impressionaram foi o sombrio trabalho de Clint Eastwood, Sobre Meninos e Lobos. O cinema fechou
meses depois e passou por uma reforma e levou o nome e o patrocínio do banco
HSBC. Lá aconteceram os famosos Noitões, sessões de 3 filmes seguidos (uma
estreia, um clássico e um filme com pouco tempo em cartaz). O último que eu vi
foi o drama Aproximação, de Amós
Gitai, com a sempre radiante Juliette Binoche no elenco, na época em que o banco multinacional não era mais o principal parceiro do Belas Artes.
O cinema foi também local de encontros e
conversas cinéfilas com meu amigo Dácio, que mora muito longe (Embu das Artes) de São Paulo, mas que se dispunha passar duas ou mais horas de sessão e depois um
tempo extra para discutir sobre o filme assistido e compartilhar nossa paixão
sobre o cinema e conversar sobre outras preocupações da vida. Filmes indicados ao Oscar,
trabalhos esperados de nossos diretores e/ou atores preferidos eram pretextos
para reencontros cada vez mais espaçados, mas sempre divertidos, como o é toda boa
amizade. Bons tempos...
Saber do retorno do Cine Belas Artes (a
prefeitura alega que a reinauguração poderá ocorrer até o fim de maio a preços
mais populares e fidelidade à programação alternativa que sempre foi a marca do
lugar) é ter de volta um pouquinho desta memória afetiva que devotamos a
determinados espaços ou pessoas. Os cinéfilos paulistanos agradecem.
Observação: Apesar do atraso de uma semana, é
impossível deixar de registrar aqui a perda trágica de dois grandes talentos do
cinema mundial: um dos melhores atores de sua geração, Philip Seymour Hoffman,
e o nosso mestre Eduardo Coutinho.
Limerique
ResponderExcluirResgata saudoso a sua maneira
Cinema de arte, Wesley Moreira
Sabe do que está falando
Do quanto, e até quando
Porque cinema não é brincadeira.
Valeu pelos versos, Jair!!! Um abraço!!!
Excluirsempre o descaso do poder público com as coias boas
ResponderExcluirSe os prazos e promessas forem cumpridos, o erro vai ser corrigido desta vez... Assim espero... Abraço!
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