Viajantes Interplanetários

segunda-feira, 17 de março de 2014

Cinemarte

Ela e o amor na era digital


Alguns filmes conseguem captar o espírito de uma época ou os sentimentos de uma geração. Ela cumpre a tarefa de retratar na telona o amor nestes estranhíssimos anos da era digital. Apesar de se passar num futuro não muito distante, qualquer semelhança com os dias de hoje em que os relacionamentos estão se dando via internet ou via smartphone não é mera coincidência. Com delicadeza e uma melancolia notáveis, o novo longa de Spike Jonze faz uma reflexão sobre como a tecnologia está se tornando cada vez mais indissociável à nossa vida e, ao contrário do que se propunha, encurtar as distâncias entre as pessoas, consegue apartá-las ainda mais.
Ela é uma grande história de amor contemporânea, mesmo que o mocinho e a mocinha sejam, respectivamente, um escritor de cartas de amor e seu sistema operacional. Theodore (Joaquin Phoenix) é um cara solitário, que está em processo de separação e acaba adquirindo um sistema operacional provido de inteligência artificial que se autodenomina Samantha (voz de Scarlett Johansson). Diante de sua dificuldade em se relacionar com as pessoas, Theodore acaba se afeiçoando por Samantha que parece retribuir seu afeto, mesmo sendo uma programação de computador. Samantha preenche um espaço vazio na vida de Theodore que a ex-esposa havia deixado e este relacionamento sofre quase os mesmos gozos e percalços de um namoro de carne e osso.


De Aurora a Annie Hall ou Harry & Sally, de Casablanca Antes do Amanhecer ou Closer, só para citar exemplos mais populares, são histórias de amor que giram em torno de outros temas, aprofundando a questão romântica a outros patamares e Ela expande esta noção do amor romântico mostrando o quanto a tecnologia serve de muleta para a nossa solidão assim como ela tem também o seu lado nocivo. Torço para que não seja assim o futuro (todo o ambiente clean e as ridículas calças de cintura alta), apesar de inevitavelmente o porvir caminhar para o que está sendo retratado na obra de Spike Jonze. O nosso presente já está saturado de conversas em salas de bate-papo, de mensagens trocadas via Whats App, de e-mails ou posts amorosos ou rancorosos no Facebook.
Esta nova geração (e as próximas) está perdendo algo muito importante para qualquer relacionamento, não só de namoro, mas familiar, fraternal, de amizades: o vínculo com o próximo, a proximidade com o outro, o contato físico e o compartilhamento de experiências, que computador e celular nenhum pode suprir ou até mesmo substituir. A vida segue indiferente a tudo isto rumo a um fim. Resta saber quem aproveitou o quê de todo o tempo que lhe foi dado.


9 comentários:

  1. Así es, la tecnología cada vez nos acerca en el caso de las distancias geográficas o nos aleja en lo inmediato, parece paradoja pero es curioso ver como las parejas se vuelven inseparables de sus teléfonos inteligentes, tanto, que olvidan conversar.
    Un abrazo.

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    1. Taty, gracias!!! A tecnologia é um grande paradoxo a cometer sempre o contrário daquilo que se propõe. Tem seus benefícios, mas os contras vêm a passos curtos. Abrazo!

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  2. alguien dijo: aún no conocemos a los seres humanos, cuando la tecnología nos ha superado...no recuerdo de donde, o quien lo escribió, pero si que me quedó muy grabado! precioso trabajo!
    muchas gracias por seguir mi blog!
    abrazos fraternos
    lidia-la escriba
    www.nuncajamashablamos.blogspot.com

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  3. Web colaborativa e cidadão solitário. Eu, e penso, que essa geração um passo a frente da minha, passei e passarão muito por essa solidão via fibra-ótica. Nada substitui o contato humano. Agora preciso assistir o filme. =]

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    1. É, caro D. Everson, acho que a situação é irreversível. É o que nos aguarda o futuro. Assista o filme, vais gostar, acredito. Abraço!!!

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  4. Curioso argumento para una historia de amor.
    ¿Qué nos faltará aún por vivir?.
    Feliz día.
    Un beso.

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    1. Belén, o filme comove por esta história de amor inusitada, mas muito provável nos tempos atuais. Beso!

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  5. A melhor rede social ainda é aquela que fala com quem se quer olhando olho no olho!

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