Viajantes Interplanetários

domingo, 3 de agosto de 2014

À MORTE, SEVERINO!
(Conto Minimalista)

Quem o via ali, sozinho, sentado no contorno do canteiro do jardim mal cuidado que margeia o rio Capibaribe, não imaginava a decisão que estava prestes a tomar. O seu olhar não buscava horizontes, nem os encontraria, pois estava limitado pela visão do outrora glamoroso, hoje decadente, conjunto de prédios da Avenida Guararapes, no centro do Recife. De tão cheia que estava a maré, tinha-se a impressão de ser vontade do rio passear por aquelas ruas.
A tristeza, a sensação de abandono, a solidão, eram sentimentos que povoavam a mente daquele homem taciturno. Não era herói, nem retirante, apenas um Severino que entendia a vida como algo severo demais para continuar sendo vivida.
Levantou-se. Não disse palavra, nem trocou olhares. Apenas caminhou por alguns metros e “pulou fora da ponte e da vida”.

Ricardo Frederico Banholzer

Recife, 01 de agosto de 2014.

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