À
MORTE, SEVERINO!
(Conto Minimalista)
Quem
o via ali, sozinho, sentado no contorno do canteiro do jardim mal cuidado que
margeia o rio Capibaribe, não imaginava a decisão que estava prestes a tomar. O
seu olhar não buscava horizontes, nem os encontraria, pois estava limitado pela
visão do outrora glamoroso, hoje decadente, conjunto de prédios da Avenida
Guararapes, no centro do Recife. De tão cheia que estava a maré, tinha-se a
impressão de ser vontade do rio passear por aquelas ruas.
A
tristeza, a sensação de abandono, a solidão, eram sentimentos que povoavam a
mente daquele homem taciturno. Não era herói, nem retirante, apenas um Severino
que entendia a vida como algo severo demais para continuar sendo vivida.
Levantou-se.
Não disse palavra, nem trocou olhares. Apenas caminhou por alguns metros e “pulou
fora da ponte e da vida”.
Ricardo Frederico Banholzer
Recife, 01 de agosto de 2014.
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