Hoje o dia nasceu mais colorido.
Um vem-vem vem cantando
alvissareiro.
Eu, canário fugindo do viveiro,
Vou sentindo que a vida faz
sentido.
Ele está, neste instante,
refletido
no vigor da florada da jurema,
qual bucólica cena de um cinema
que ora tenho ao alcance dos
sentidos,
na mistura de luzes e ruídos
Da manhã que norteia o meu poema.
A leveza das garças boiadeiras
enfeitando de paz o azul celeste,
esse vento macio que vem do leste,
o aroma das flores catingueiras,
o piar matinal das lavandeiras,
rouxinóis encantando em cantoria,
esses sons, esses tons, a
sinfonia
e outros tantos sinais de
sutileza
são acenos da mão da natureza
me apontando os motivos da
alegria;
O orvalho em gotículas piscantes
cintilando nos galhos mais
pendentes
são partículas vivas reluzentes
num delírio de cores
vislumbrantes.
O azul dos serrotes mais
distantes
destacado do azul do firmamento
é visão que liberta o pensamento
de quem sempre viveu de
nostalgia,
é o instinto mais puro da poesia
sublimando as razões do
sentimento.
É preciso cantar da vida a
essência
libertar-se do medo onipresente
resgatar a pureza, o bem latente
que se esconde no vão da
inconsciência.
vislumbrar o semblante de inocência
que ornamenta o sorriso da
criança,
alcançar o que o homem só alcança
quando a alma se faz desinibida,
conceber o prazer de amar a vida
e abraçar o sentido da esperança.
Lamartine Passos
São José do Egito-Pe
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