Viajantes Interplanetários

domingo, 9 de novembro de 2014

Mexendo na sua radiola

Vira Lata na Via Láctea


Desde 76 os discos que faço têm sido cozinhados numa só panela e por um só assunto-tema. Agora, lembrando a arquitetura das igrejas românicas do século XI, este cd se apresenta com Capelas Irradiantes, construídas em torno de uma edificação central, cada uma abrigando uma parte do culto – aqui cantado e profano. As Capelas Irradiantes (nome que a gente repete com prazer) foram construídas em estilo e arquitetura muito variados e nós, neste disco, embora recorrendo apenas a texturas sonoras, também atacamos o tédio com bárbara ojeriza*. Não foi um plano. Diante da arrancada que a direção artística de Marcus Preto engatou, a forma irradiante se impôs com a presença de estilos apartados como os de Milton Nascimento, Criolo, Tim Bernardes, Trupe Chá de Boldo e Caetano Veloso (a primeira parceria que fazemos e - cantamos juntos). Elis Regina inspirou a presença de Milton: eu transformara em canção um texto escrito por Fernando Faro, como introdução de um vídeo, no primeiro aniversário da morte dela. Marcelo Segreto e sua Filarmônica de Pasárgada, Tim Bernardes (O Terno) e a Trupe Chá de Boldo, ao lado de Tatá Aeroplano e Gustavo Galo, trouxeram para o disco a Geração Y, esta já no ensaio geral do que Santaella chama de pós-humano. Nessa puxada, podemos chamar a vestimenta feita por Kiko Dinucci – arranjos secos e descarnados – para Retrato na Praça da Sé e o samba-editorialista Banca de jornal – uma pós-partitura-em-crise. O disco foi gravado por essas diversas bandas e cantores, mas vou lançá-lo e arrodear o planeta com o meu próprio conjunto: Daniel Maia, produtor, técnico, alguns arranjos, guitarra, violão e baixo; Cristina Carneiro, teclado e vocal; Jarbas Mariz, viola de 12, cavaco, percussão e vocal; Felipe Alves, contrabaixo, violão, cavaco e vocal; e na bateria, o calouro da banda, Rogério Bastos, também tratado por Rogério Duprato.

 TOM ZÉ 


Nenhum comentário:

Postar um comentário