Viajantes Interplanetários

sexta-feira, 22 de junho de 2012

ELEGIA


já havia morrido quando nasci
o rio que atravessou a infância

mas ainda assim ficava a olhar
a língua escura que ali corria

restaram os contos de um dia
que nos escorriam em banho



as crianças ao pé do rio morto
miravam o céu à espera da chuva:

seria o encontro das fortes águas
arrastaria as mortes flutuantes

mas a chuva veio e miramos o rio
e ficamos na água azul das alturas



movimentamos o céu por vezes
na enchente das sílabas de águas

as crianças entre o céu e o rio
nunca se banharam rio a dentro

já havia morrido quando nasci
o rio que atravessou a infância


e-book do projeto CASTANHA MECÂNICA.
    

5 comentários:

  1. Limerique

    O poeta recorda seu rio querido
    De uma infância que teria vivido
    Derramou chorosas
    Gotas lacrimosas
    Depois que o rio havia sumido.

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  2. *)
    "Já havia morrido quando nasci
    o rio que atravessou a minha infância*.
    É belo o poema!
    Essa Natureza* por vezes tão triste...
    Obrigada por partilhares.
    Beijinho, da Mery*;
    tô te seguindo

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Que beleza ser/estar entre os marcianos!!!
    Linkei no meu blog os "Poetas de Marte".
    Abraços.

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