Os cinemas de shopping são meras lojas em que
o filme é apenas um produto entre tantos outros. As motivações que levam as
pessoas a verem um filme no shopping center decerto não são as mesmas que a de
um cinéfilo que vai ao cineclube ou àquela sala que tem uma programação
alternativa. Não vamos generalizar esta questão, pois algumas almas, por mais
perdidas possam sentir-se nos corredores e andares dos malls brasileiros, ainda têm uma ponta de esperança ao dirigir-se
às imensas filas para assistir a um bom filme, filas estas cheias de jovens animados
em ver o próximo blockbuster, que o
cinéfilo escolherá somente em último caso ou dará as costas para voltar para
casa e alugar um DVD.
Shoppings foram feitos para os jovens, o
cinema há muito tempo que está voltado para o público adolescente. Adolescentes
que encaram o ver um filme como o tênis novo que o pai deu dinheiro pra comprar
ou aquela roupa que estão loucos para usar na próxima festinha. Encaram-no
apenas como uma parte do programa daquele dia.
Não vamos exigir deles a mesma postura quase
religiosa que muitos cinéfilos possuem (incluam-me neste grupo), afinal estão
ali para se divertirem e se esquecerem do que viram minutos depois. O problema
é que nem assistir ao filme eles estão mais preocupados e nem sequer se
importam com aqueles que desejam prestar atenção ao que está sendo projetado na
tela grande, independente de sua qualidade artística. Uma coisa é não se
interessar, outra impedir que os outros se entretenham plenamente em suas
poltronas. Muito da conexão entre obra cinematográfica e pessoa se perde com estas
interferências. A atenção passa do enredo ao barulho feito na poltrona de trás,
o envolvimento passa das emoções transmitidas pelo personagem para o nervosismo
causado pelos risinhos, burburinhos e conversas paralelas (isso quando o
celular de alguém resolve se manifestar, mesmo com os pedidos de desligamentos tradicionais
feitos antes do início da sessão).
Certamente, nos
primórdios do cinema ou nos seus anos de ouro sempre houve um sujeito
especialista em dispersar a nossa atenção do filme (provavelmente um espectador conversava com outro no momento em que o trem chegava na estação naquela célebre primeira sessão dos Irmãos Lumiére ou quando a nave espacial aterrisou no olho da lua na projeção da obra-prima de Georges Mèliès). Depois reclamam que o
cinéfilo ou o crítico é sempre mal humorado (se visto sob esta ótica,
neurastenia mais que justificada). Se ele apresenta uma opinião negativa sobre
o atual sucesso de bilheteria, muito deve ser fruto da influência do ambiente
nada propício ao ato de ver um filme, que exige silêncio e certa entrega, o que
raramente acontece.
Anda sendo assim em tudo e a tendência é piorar. É um país de educação sucateada, difícil pensar que seria diferente.
ResponderExcluirUm aluno um disse comentou um fato intereesante: no Brasil o professor é chamado de tio e o técnico de futebol, de professor!
ExcluirHilário!
kkkkkkkkk agora eu ri Cristiano.
ExcluirSabe que, muita das vezes, eu prefiro esperar a película sair em DVD ou passar na tv fechada, gravar e assistir com calma, sem interrupções do público incoveniente.
ResponderExcluirFoi assim com o filme do Malick, infelizmente!
Se eu estivesse de chapeu na cabeça tirava ele agora. O capitalismo engoliu tudo, sem contar que vc esqueceu de mencionar o precinho bacana do ingresso, um roubo da peste.
ResponderExcluirPor isso 90% dos filmes que vejo é em casa com a mimha fofa.
Aqui ainda existem dois cinemas fora do circuito shoppis, mas ainda assim aparecem essas criaturas aberratorias numa xula tentativa de querer ser cults cutucando nosssa paciência.
e essa foto de papudinho negão? hahahahhaa
ResponderExcluirPapudinho foi foda!!!
ExcluirRealmente tenho saudades do tempo em que se ia aos cinemas
ResponderExcluir