Viajantes Interplanetários

terça-feira, 25 de março de 2014

Corridinho


 Adélia Prado
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,

com seus olhos cediços,

põe caco de vidro no muro

para o amor desistir.

O amor usa o correio,

o correio trapaceia,

a carta não chega,

o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,

desembarca do trem,

chega na porta cansado

de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,

pede água, bebe café,

dorme na sua presença,

chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:

é descuidar, o amor te pega,

te come, te molha todo.

Mas água o amor não é.

Um comentário:

  1. Amor, esse vírus

    Dizem, amor não tem eira nem beira
    Não lhe dão oportunidade, portanto,
    Mas além, à sua particular maneira,
    O amor se expande para todo canto.

    Pois não adianta lhe fazer barreira
    Porque ele tem seu valor, o quanto.
    E mesmo aquele que não o queira,
    Um dia será coberto com seu manto.

    E ele virá de cavalo ou trem um dia
    Se apossa do coração e da mente
    Se preciso fosse muito mais o faria.

    Porquanto todo mundo, toda gente
    Sem o saber é só isso que queria
    E no fundo todo mundo amor sente.

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