Viajantes Interplanetários

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DUAS SEMANAS SEM RECIFE ME DEIXA ASSIM:

Saudade de quem viaja

e/ ou

Exaltação ao Recife nº 1

“Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância [...]”

- Manoel Bandeira -

Lembranças de Recife vêem hoje a cabeça:

o Cais da Aurora – mesmo exalando um bafo

quente e fétido do Capibaribe – seduz-me

com suas evocações de Bandeira

e suas facas de Cabral.

No Paço da Alfândega o escravo agora sou eu:

escravo da livraria que ao meu lado pela saída sul

espera-me como uma doce donzela oferecendo

o mundo em um catálogo.

As recordações do Bairro de São José me fazem até querer

provar mais uma religião e ser um judeu do Pernambuco holandês.

Joaquim Cardozo me convida a um poema em plena ponte Maurício de Nassau,

e na praça da independência dou de cara com o Diário – não o de última hora!

mas o de todas as horas das Américas.

caio na Dantas Barreto e entre tantos sebos

acabo no Teatro Santa Isabel: paradisíaco

templo da arte.

Logo retomo meu caminho pela Avenida Guararapes

onde me assaltam recordações da maior agremiação

carnavalesca do mundo. E se ainda não bastasse tanta grandeza

a Ponte Duarte Coelho dá moradia a um Galo que está mais para Golias.

Salve! Avenida Conde da Boa Vista com seu Cinema São Luiz

onde tantas histórias foram embaladas anos a fora, entretanto

o filme em cartaz de hoje é: SAUDADE DE QUEM VIAJA.


D.Everson/ São Luis-Ma / 18 de jan. 2011

A cor da liberdade

   
A LIBERDADE É ROXA

— Oi...
— (Silêncio)
— Ooooiii
— Hã... Oi.
— E aí?
— Hã... Estou com pressa.
— Mas não estou tomando seu tempo.
— Mas...... Hã...... O que quer? Dinheiro? Não tenho, eu não ando com...
— Não quero dinheiro. Eu não preciso. Eu estava afim da sua alma.
— O que (Risos)??? Vai dizer que é o diabo?
— Claro que não. O diabo não existe. É que coleciono almas, e a sua me pareceu um tanto pitoresca.
— Pitoresca (Risos). Ora. Uma maluca. Era só o que faltava.
— É sério. Olha. Já tenho duzentas e noventa e nove almas na minha coleção.
— Deus! O que é isso???? Uma bolsa cheia de almas... Deus!!! Eu posso senti-las.
— E o que elas sentem? Você também pode sentir?
— Sim... Elas sentem... Eu percebo... Liberdade............
— Sim, liberdade. Eu as liberto do mundo racional e caótico que é esta realidade cotidiana. Em troca você vira mais uma peça na minha coleção. Olha que ela já esta sendo procurada pela televisão. Querem fazer uma reportagem, você sabe...
— Eu quero, eu preciso disso. Te imploro. Quero me livrar de tudo, dessa rotina, dessa vida, dessa gravata. Por favor!
— Calma! Larga meu vestido.
— Te imploro.
— Olha levanta.. Mais calmo?
— Sim, sim...
— Então espera...
— Porque você esta tirando a calcinha?
— Me ajuda, levanta meu vestido.
— Tem gente passando
— E daí?... Pronto. Agora ajoelha e chupa minha boceta.
— Aqui, na frente de todo mundo?
— E quem liga pro mundo? Chupa logo, que eu tô pegando fogo.
— (Slurp, slurp)
— Hmmmm.....
— (Slurp, slurp)
— Ah! Oh, yes! Suck-me. Oh! Ah! Ah! Ahhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!
— (Snif, snif). E agora? Cadê a liberdade? Ela irá sair pela sua fenda e me envolver?
— Viaja não, gato. Ai! Você sabe chupar, hein!!
— Você me enganou! Mas.... e.... e..... A bolsa de almas???
— Isso é gelo seco; mamão.
— Mas e a sensação? Eu sei o que senti...
— Sabe nada. É auto sugestão induzida. Freud explica.
— Sua puta!!! Vou te matar, sua cachorra.
— Se tocar em mim eu chamo os hômi.
— Piranha!!!
— Íííí.... Relaxa menino. Que crime há em querer uma chupadinha dum gatinho feito tu? Gostou do meu papo de almas? Viagem, não?
— Você é louca.
— Talvez. Mas também sou livre. Dou e daí? Vai dizer que foi ruim o cheirinho do meu xibíl?
— ..... Até que foi legal.....
— E aí Vamos exercitar mais um pouco da nossa liberdade recém conquistada; aqui na frente de todo mundo?
— Adoraria..........
— (Slurp, slurp)
— Ah! Ah! Chupe, chupe, chupe, engula tudo..........


Alberto Ferrera e as suas Loucuras Incontáveis como O Pussylânime.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Palavras de João

    

..................................................................................

E não esqueça! Todo sábado, uma nova overdose semanal de cajuína:
Sábados de Caju
  

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

CONFRONTOS E CONFLUÊNCIAS

          Especialmente nesta sexta (para quem não notou ainda, a coluna é de quinta — o trocadilho fica a critério de cada) trazemos à tona A Batalha do Azul através de dois poetas extremamente venerados por este que vos escreve. A coluna Confrontos e Confluências orgulhosamente apresenta: Carlos Pena Filho e Ronaldo Cunha Lima. O campo de batalha, o azul; as armas usadas, sonetos; o preço da luta, a boa poesia (sem vencedores ou perdedores).
          Carlos Pena Filho tem o posto intransferível de Poeta do Azul, e o Ronaldo Cunha Lima por ele foi despertado, como o próprio diz na dedicatória do seu AZUL ITINERANTE: “À memória do poeta e amigo, Carlos Pena Filho, que me despertou para o azul” (LIMA, 2006, p. 21). Mestre e tutor, em confronto ou em confluência?
          Pena Filho aparece com o seu azul adjetivado (ausente, cansado, vertiginoso) e Lima com o seu azul policrômico (safira, marinho, turquesa, cinza, celeste, piscina, claro, cárdeo), agora, para vocês:


SONETO DO DESMANTELO AZUL
                               A Samuel Mac Dowell Filho


Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,


Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.


E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.


E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.




Carlos Pena Filho


SONETO DO AZUL ITINERANTE

Mudando apenas de tonalidade,
o azul me acompanhou pelo caminho.
azul-safira, seda, azul-marinho,
o azul do sonho e da felicidade.

Azul-turquesa ou cinza, da saudade,
azul-celeste, prestes de um carinho,
azulejando à rosa algum espinho,
azul adulto e de qualquer idade.

Azul-piscina, sina da distância,
azul-claro dos astros, na infância,
o azul das flores castas de um Paul.

Azul-cárdeo dos sonhos memorosos
de cobreados cabelos misteriosos,
o azul, que vem comigo, é sempre azul.


Ronaldo Cunha Lima
         

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

VERSOS & VÍCIOS - 27/01 às 19h

Próximo à pracinha do terminal de ônibus da linha CDU/B.Viagem/Caxangá; ou do CTG da Universidade Federal de Pernambuco, Várzea.


Bom, estarei lá, moçada:

A DESENFREADA HEMORRAGIA DA EXISTÊNCIA

Sangra, querida Sandra,
e provas que tens vida;
mancha-me de vermelho.
Sandra, sangra querida,
lava teu sofrimento
pelo útero também,
querida Sandra, sangra
ao filho que não vem.


(Fred Caju)
   

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Enquanto D.Everson dança reggae...

...Eu vou atualizando o POETAS DE MARTE por aqui. Mas já, já o nosso marciano está de volta, compensando a sua ausência devido a uma viagem ao Maranhão seguida para a sua terra natal, Bezerros, fica um poema do sujeito aí que está presente na Coletânea de Poemas da Biblioteca de Afogados.


TENHO

Eu tenho muito o que aprender com o vento:
Sua transparência,
Sua leveza,
Sua frieza,
Sua facilidade de acomodar-se.
Seu namoro com as folhas.


Daniel Everson da Silva Andrade in ROMANI, Danielle; GOMES, Lenice; MELO, Marcelo Mário de. Coletânea de Poemas da Biblioteca de Afogados. Recife: Fundação da Cultura da Cidade de Recife, 2010, p. 28.
      

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ENCONTRO NA PRAIA

Mar sem vento
Solidão lotada

A autoestima derretendo
No calor das escolhas erradas

Areia engasgando palavras


Ana Cecília Reis in ROMANI, Danielle; GOMES, Lenice; MELO, Marcelo Mário de. Coletânea de Poemas da Biblioteca de Afogados. Recife: Fundação da Cultura da Cidade de Recife, 2010, p. 13.
             

domingo, 23 de janeiro de 2011

celiopintobrauliodopenisjunior:

...o meu formigueiro...

DO MEU
       FORM!GUE!RO

SA!RAM VAR!AS
FORM!GAS L!NDAS...

CANTANDO H!NOS
       DE  L!BERDADE !!!

POR NAO SABEREM
OU NAO PREC!SAREM...

       MA!SOLABUTAR. . .


-c.p.b.p.jr:(POETA-MATUTO-MARGINAL !!!)


          Por hora não vou dar muitos detalhes, mas, em breve, mais uma intervenção marciana estará disponível para download e dessa vez envolve o Poeta-Matuto-Marginal, já tão conhecido por esses solos do planeta vermelho. AGUARDEM!!!
     

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Esses fazedores de versos...

O EXCOMUNGADO POETA

No mínino, quando você afirma: POETA SIM!
A primeira coisa que eles militarmente dizem:
É gay ou sapatão! Que vem hermeticamente seguido
De: vagabundo, doido, etc., etc., etc. e tal.
Mas a mim, a nós, só resta dizer-lhes:
Atire a primeira pedra quem nunca
Foi um pouco poeta:
Na hora de observar as estrelas,
Na hora de dizer eu te amo,
Na hora de proferir eu te odeio,
Na hora do seio da mãe
E/ou
Do peito da morte,
Quem nunca foi poeta?!

06.06.2010


RACINHA MAL QUERIDA

— Eo tap!
— Top ae?!
— Po -e-ta?
— Ta peo?

D. Everson em Os Teimosos e a Poesia do Contra.   
  

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CONFRONTOS E CONFLUÊNCIAS

          Em plena semana de divulgação do e-book Os Teimosos e a Poesia do Contra, trago para o palco da coluna Confrontos e Confluências, Ane Montarroyos. Mas Caju a idéia da coluna não é pôr os holofotes sobre dois poetas? Sim, nobreza, mas a coluna é minha e eu escrevo o que bem entender nela... Brincadeira, pessoal! vocês verão que faz muito sentido pôr a teimosa com a cara e a coragem no blog.
          E além do mais não será a primeira vez que apenas uma pessoa estrelaria na coluna sozinha. Já aconteceu antes, e o que é pior: o poeta escolhido foi o próprio autor dessas linhas! Mas comigo é assim mesmo: nepotismo é coisa pouca para mim! Se a desculpa, digo, justificativa dada na primeira vez que pus apenas um poeta na coluna foi o método dialético contido no poema, dessa vez o buraco vai ser mais em baixo.
          Na leitura da sessão NO MEIO DO CAMINHO TEM UMA FLOR, os leitores que se propuseram a baixar o e-book encontram toda a delicadeza da ruiva, em poemas onde o que há de mais concreto são flores e sobram sentimentos e delicadeza. Há dois poemas que quero adbuzir ao blog para compor a coluna nessa quinta-feira:

SOL ESCARLATE

A muralha gélida
construída outrora em minh'alma
hoje, dissolve-se em flocos de neve
derretidos pelo sol escarlate de dezembro
inundando o jardim quase morto em mim
donde, agora, nascem lírios de alegria
girassóis de paixão
e violetas perfumadas
de suave saudade.


GIRASSOL


gira flor
nasce sol
reluz jardim.

          Viram só, como faz sentido Ane está sozina na coluna? Não?! Bom, na minha humilde leitura observo algo bem interessante: o sol escarlate faz nascer os girassóis de paixão, só que os próprios girassóis fazem o sol nascer para reluzir o jardim. Isso, simpatia, pode ser adjetivado como o Eterno Retorno nietzscheano... Ou não... Opinões?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Desplugar...

VIVAOVIVO

Pluga-te! Joga-te na rede
e baixe tudo que veneras
em bits, megas, gigas ou teras,

mas fuja do vírus da vida:
ele corrompe solidão,
disco rígido e coração;

pode transformar o binário
em uma linguagem plural,
e lhe jogar no mundo real.

Se tiver a vontade louca
de desligar essa tomada,
a sua máquina foi infectada…

Prepare-se para sangrar
e será melhor estar pronto,
pois a vida vem ao seu encontro.


Fred Caju em Os Teimosos e a Poesia do Contra.
 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tevê...

TELE TRANSPORTE TRANSITÓRIO DO TRANSTORNO OBSESSIVO INDUZIDO COMPULSIVO PERMANENTE IRREVERSÍVEL, OU TELEVISÃO

Horário: vinte quatro horas por dia.
Programação:
Incitação
Violência
Incitação
Violência.

Conceito formado
Conceito forçado
Conceito formado
Conceito forçado.

Sensacionalismo
Objeto
Sensacionalismo
Objeto.

Anomalia
Prazer
Anomalia
Prazer.

Prosopopeia
Catalepsia
Prosopopeia
Catalepsia.

Ausência
Conformismo
Ausência
Conformismo.

Mentira
Adestramento
Mentira
Adestramento.

Má formação
Mau exemplo
Má formação
Mau exemplo.

Macaco
Ursinho Puff
Macado
Ursinho Puff.

Você
Comédia
Você
Comédia.

Plin! Plin!


Marcone Santos em Os Teimosos e a Poesia do Contra.

domingo, 16 de janeiro de 2011

TV MARTE apresenta:

Mais uma produção do ESTÚDIO 308. Baseado no poema O choro da chuva de Fred Caju, mais uma intervenção da tevê marciana:

       

sábado, 15 de janeiro de 2011

OS TEIMOSOS E A POESIA DO CONTRA

Porque poesia e teimosia andam lado a lado

Dar murro em ponta de faca, às vezes não é burrice. É necessário. Não é porque vou esmurrar a lâmina que vou com punho nu. Aí sim, seria burrice. Aquele menino, como é mesmo o nome dele? Ah, Drummond! Drummond disse que um poeta desarmado é, mesmo um ser a mercê de inspirações fáceis, dóceis às modas e compromissos. Portanto, meus nobres, vim dar umas lapadas no facão com o meu arsenal saindo pelas orelhas.
E dessa vez vim muito bem acompanhado. Mercado da Boa Vista, Recife e catinga: palco que começou a ser montada essa aventura. Lubrificava as cordas vocais e devorava castanhas (apenas castanhas, ninguém comeu caju nenhum) na presença de Daniel Everson e Ane Montarroyos, quando surgiu as deliberações mínimas para se compor algo em conjunto chamado OS TEIMOSOS E A POESIA DO CONTRA. Uma pequena grande coletânea reunindo os poemas de nós três.
Saindo do característico odor recifense do Mercado, cada qual foi escrever suas teimosias. Everson, porém, foi à sua cidade-natal, Bezerros, e lá convidou Marcone Santos (Jimmy) para se integrar ao grupo. Ane e eu concordamos. Mas como já conhecia Jimmy, estabeleci uma condição/desafio: entregar algumas ilustrações junto aos poemas. OS TEIMOSOS E A POESIA DO CONTRA agora tinham quatro cabeças e ainda viria ilustrada.
D. Everson abre a coletânea com o sugestivo subtítulo: Cheguei e Não Importa!, explorando o cotidiano recifense (aliás, suburbano de terceiro mundo) juntamente com as suas divagações oníricas e sua constante preocupação com o exercício de ser poeta. Em um jogo psicodélico de poemas e narrativas, Marcone Santos apresenta o seu Labirinto Ocular à obra, com pinceladas de humor e surrealismo; Jimmy, como já foi dito, é responsável pelas ilustrações da coletânea: Vórtex da Teimosia I, II e III. A dama da teimosia, Ane Montarroyos, junta-se aos marmanjos para, literalmente, perfumar a coletânea com o ar da sua graça com a sua paráfrase drummondiana: No Meio do Caminho Tem uma Flor, a hora e a vez da delicadeza se fazer presente através de imagens florais. Eu, Fred Caju, sob um guarda-chuva chamado Fernando Pessoa apareço com a sessão Indesculpavelmente Sujo com o sabor típico dos cajus: doce e rançoso, buscando explorar as estruturas dos poemas e criar uma distribuição similar ao efeito do espelho.
Evidente que isso é apenas uma opinião, tudo que está supracitado pode ser desmentido e derrubado. Então fica o conselho: baixe a coletânea, leia, reflita, me desminta e me processe por propaganda enganosa. Vê que massa: você vai ler uma parada arretada e ainda pode extorquir dinheiro meu com o consentimento da justiça! Mas é bom tomar ciência que para quem golpeia uma peixeira por pura teimosia, dar uma mãozada na cara de um, não é tão difícil. Portanto, processe com classe.
Valeu pela atenção, é só clicar na imagem para baixar o e-book, e quem quiser conhecer mais o pessoal, basta visitar:


Cenário Invisível de Marcone Santos; Lacunas do Tempo de Ane Montarroyos; Cronisias  de Fred Caju, D. Everson e amigos; Sábados de Caju de Fred Caju.

Aquele abraço para deixar todo mundo com noda de caju na camisa!

Fred Caju

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

HAICAIS DE DOMINGO: na quinta (parte 2)

PERNAMBUCO TAMBÉM TEM POEMAS DE OLHOS PUXADOS?!
Por: D. Everson
Sei que hoje não é domingo! Mas como irei ficar praticamente sumido até o dia 02/02 vou mandar mais um HAICAIS DE DOMINGO: na quinta. Deixando a dica que em breve estará nas lojas mais desconhecidas do Planeta Vermelho o livro: Os teimosos e a poesia do contra. Entretanto se você deixar seu email nos comentários agente manda o livro eletrônico para você totalmente de graça, não temos o papel de marciano na terra e o livro só poderá ser impresso no papel azul do planeta vermelho.
Sem mais leriado hoje vamos falar de mais um brasileiro que viajou na nau do haicai em terras tupiniquins a fora. Pela primeira vez vamos ter um Pernambucano na parada: trata-se do poeta Pedro Xisto, ele mesmo meu velho(a)! Nascido em Limoeiro: aquela cidade cantada pelo Jackson do Pandeiro. Nosso poeta forma-se em Direito na Faculdade do Recife onde segundo Antonio Miranda[...] inicia-se [na] produção de hai kai (hai-ku) em 1949” ainda segundo Antonio Miranda < [Xisto]foi adido cultural em embaixadas brasileiras no Japão e Estados Unidos da América, viajou pela Europa e pelo Oriente, ajudando na difusão de nossa poesia de vanguarda em festivais e eventos de toda natureza como poeta, articulista e teórico>, era um cabra da peste mesmo! Podemos dizer que o Xisto fora concreto antes do concreto chegar em São Paulo, basta passear a vista em seus ideogramas.

Foi na Revista de Arte de Vanguarda Invenção que Pedro Xisto ficou popular como poeta experimental ao publicar haicais de sua autoria. Lançou em 1960 Haikais & concreto e em seqüência 8 haicais de Pedro Xisto. Ao final dos anos 70 tem sua obra compilada em Conceito Caminho (1979) livro que reúne cerca de quinhentos haicais. No ano de 2008 sua obra foi novamente compilada em aságuasglaucas e lumes: uma antologia de haikais. Então sem mais história vamos aos poemas: Com vocês Pedro Xisto!


Referências:
GUTTILLA, R. W.Boa companhia: haicais. São Paulo: Companhia das letras, 2009.

YOUTUBE. Forró em Limoeiro. Disponível em:http://www.youtube.com/watch?v=TsaV1i6aNEU.

OBS: Essa postagem vai para Aline Negosseki quem me pediu para postar mais autores Pernambucanos. =]

CONFRONTOS E CONFLUÊNCIAS

         Essa semana veio para mostrar o que será o ano de 2011. Domingo, o POETAS DE MARTE foi dormir com um layout novo; segunda-feira, Armadinejad me trouxe uma felicidade extrema; terça-feira, juntamente com o nosso novo colunista, Célio Lima, demos o início a diagramação de e-book de c.p.b.p.jr:(POETA MATUTO MARG!NAL !!!); quarta-feira D. Everson me noticia que está saindo do forno um vídeo do Estúdio 308 com um poema de minha autoria; e hoje, quinta-feira, querid@s, trago para o Confrontos e Confluências, Cris de Souza!
         A moça pode ser lida em seus dois blogs, o TREM DA LIRA e o VÁLVULA DE ESCAPE, mas pode ser encontrada vagando nos comentários de vários outros blogs interessantes. Sábado passado, após cumprir meu dever no SÁBADOS DE CAJU, fui fazer algumas leituras e me deparei com a falta de licença poética de Cris de Souza. Imediatamente pedi autorização para abduzir a sua postagem para a coluna marciana. Autorização dada, cá está a moça acompanhada nada mais, nada menos que Mário Quintana! É, nobreza... É muita responsabilidade, mas a peteca não caiu nas mãos da poetisa, confiram:

POEMINHA DO CONTRA
(Mario Quintana)


Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!


POEMINHA DO CONSTA
(Cris  de Souza)

Todos estes que aí estão
Atravessando a minha linha,
Eles andarão.
Eu andorinha!


         Espero que tenha gostado. E não tenho bola de cristal para dizer que amanhã será um ótimo para corar a semana, mas sei que no sábado haverá o LAÇAMENTO MUNDIAL E INTERPLANETÁRIO DO E-BOOK OS TEIMOSOS E A POESIA DO CONTRA de D. Everson, Marcone Santos, Ane Montarroyos e eu, Fred Caju. Nem perda, nem perca!
          

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Correspondência



Ah Marte!
Jamais poderei deixar de amar-te.
Por esta simples razão envio a Marte
Essa correspondência cá na Terra escrita.

Há Marte
Em tudo que penso e em toda parte.
Acredite! Não quero posar a ti de mártir,
Pois, meu coração em teu seio, vermelho, habita.

Desculpe-me as rimas pobres e a poesia pouco augusta.
Não é de má vontade e nem porque me custa
Melhor escrever esse falso soneto que agora lês!

É simplesmente porque faltam-me as palavras!
Fruto do meu confessado crime de não mais tê-lo visitado.
Pego um foguete assim que possível, até mais vermelho amigo!
    

COM VOCÊS: FRED CAJU


PINTOR DE SAPATOS


Sonhava em ser um pintor
(não de muros, de tela),
queria colorir sua vida,
amor, pincel e aquarela.

Ele só tinha três cores:
preto, bege e chocolate;
manteve o ofício do pai:
o trabalho de engraxate.

Ele teria que ser sábio,
batalhando por sua grana
com humildade, engraxava
calçado de gente bacana.

Estava esperando a fama,
aguardava por um ensejo,
queria largar os sapatos
e realizar o seu desejo.

Ainda quer ser um pintor
quando levantar capital;
porém, o que lhe aguarda
será um anonimato total.


(Do e-book MONOPÓLIO DA SOLIDÃO)
 

domingo, 9 de janeiro de 2011

HAICAIS DE DOMINGO



Por: D.Everson
Waldomiro Siqueira Junior adotou o haicai a partir de 1926, inspirado por relance da alma japonesa, do diplomata e intelectual português Wenceslau de Moraes. Em seu ofício, o poeta foi assumindo gradativamente, o esquema concebido por Guilherme de Alameida.
Em setembro de 1933, Waldomiro lança Haikais, primeiro livro no país inteiramente de haicais. Quase sete décadas depois, pública Quatrocentos e vinte haicais (1981), seguido por Haicais reunidos, Volume 1 (1986). Irregulares, muitos de seus poemas decaíram para um desagrado sentimentalismo. Outros inspiradíssimos revelam grande conhecimento sobre regras abrasileiradas de sua composição, além de um traço fino de humor.
Íntimo
Ir e voltar, a esmo.
Estradas abandonadas
dentro de mim mesmo.

Édito
Pois bem, nada existe
de novo. Conclamo o povo
a não ficar triste

Escombros
Casa demolida
Foi bela. Pensar que nela
houve tanta vida...

Placebo
Nada eu considero
remédio para o tédio.
Nem mesmo um bolero.

OBS: todo o texto a cima fora retirado do livro de GUTTILL. 2009. Não pude consultar outra fonte e escrever um texto original por falta de informações sobre o autor citado.
REFERENCIAS
GUTTILLA, R. W.Boa companhia: haicais. São Paulo: Companhia das letras, 2009. 189 p.
http://www.revista.agulha.nom.br/ws.html

Jogo de Chaves de Fenda


Um homem com uma caixa de ferramentas multiuso?

É muito mais macho que um urso!

Fica mais forte, fica sisudo.

Nada pode pará-lo!

Quando carrega uma chave para tudo:

de boca, estrela de sol ou cereja não há quem lhe renda !

Pode chamá-lo de maníaco ou de besta,

mas ele não se agüenta:

e rebenta pela cidade exibindo a sua prenda.


Recife 09 01 2011/ D.Everson

sábado, 8 de janeiro de 2011

Meu Mutante favorito...

Senhoras e senhores, um vídeo excelente que encontrei pela internet e abduzi para cá. Em cima de Cacilda de Arnaldo Baptista, Guilherme Appolinário apresenta essa maravilha:


"TE VEJO NA BANHEIRA DESSA REDENÇÃO POÉTICA, MEU PAI!"
    

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FILOSOFANDO À TOA







Por: Célio limA.
“tudo é tudo e nada é nada” (TIM MAIA)
Há filosofias? Sim. É disto que eu irei tratar, principalmente nesta primeira coluna que se irá acontecer mensalmente a cada segundo domingo de cada mês.
Falarei por intermédio destas linhas pensadas da filosofia brasileira. Isto existe? –Ainda se é cedo? Pra se citar uma filosofia tupiniquim! Porem. Vejo dois caminhos para o surgimento e processo este que resultou ou “resulta” numa possível formação dos nossos filósofos.
Um dos caminhos fora a chegada dos Jesuítas levando em seus sermões e carregando a tiracolo na sua catequização a filosofia da idade media (cristã) e também alguns aspectos éticos e culturais de um pensamento europeu, algo que de certa forma fora consolidado nas nossas escolas e universidades a posteriores pelos bons costumes da ditadura militar: Na nossa “época de chumbo” ou “anos incríveis”. Essa filosofia metodológica jesuítica ainda se é visível no Século XXI, nas nossas universidades ou “escolas de louros e letras”.
O outro caminho do qual eu irei demonstrar melhor zelo ao refirir-me a ele é o caminho do cotidiano presente na filosofia popular, ou seja. Posso dizer sobre o surgimento da filosofia popular no Brasil. Fora com a chegada dos filhos dos ricos senhores do país, que tendo adquirido seus conhecimentos no exterior, principalmente na Europa. Espalharam tais idéias novas e pensamentos filosóficos nas mesas de bares, bordéis, tavernas, nas esquinas, avenidas, ruas do país chamado por Brasil. É a formosa filosofia popular, saboreada e digerida por tantos até os nossos dias atuais misturada com nossas crendices, mitos, signos, nossa sabedoria ancestral e nossa própria alienação.
Vejo nessa filosofia popular a base para o desenrolar de um grande tecido filosófico. Nada contra a quem gosta ou prefere a filosofia presa dentro de um academicismo burocrático e estrangeiro. Tão bem dado e elaborado didaticamente e religiosamente nas nossas faculdades. Só que eu Célio limA como filosofo, não me posso dar ao luxo de ver a filosofia se tornar decadentemente aprisionada por uma elite ou por meia dúzia de recrutas da tecnofilo$ofia abençoados pelo sistema burocracional brasileiro.
Vejo na filosofia popular a chave do passar o conhecimento. A busca pela sabedoria, o pouco desta já encontrada, e o espírito do desbravamento para todos, para o povo, para as por assim dizer “elites”, mas também paras as massas.
Fico receoso e insatisfeito ao ver que em nossas graduações não se tem, ou se tem é verdade muito pouco trabalhada com os autores nacionais. Pensadores como: Miguel Lemos, Teixeira Mendes, Tobias Barretos, Silvio Romero, Raimundo de Farias Brito, Leonel Franca, Dom Luciano José Cabral Duarte, Antonio Paim, Mario Ferreira dos Santos, Luiz Felipe Ponde, Arthur Orlando, Clóvis Beviláqua, Capistrano de Abreu, Graça Aranha, Martins Junior, Faelante da Câmara, Urbano Santos, Abelardo Lobo, Vitoriano Palhares, José Higino Duarte Pereira, Araripe Junior, Gumercindo Bessa, João Carneiro de Sousa Bandeira, Raul Santos Seixas, Olavo de Carvalho, Paulo Ghiraldelli Junior, Mário Sergio Cortella.
Muitos destes fizeram parte da “Geração de 1871”, conhecida também por: “Escola do Recife”.
O fim da escola do recife fora uma perda enorme para os pensadores brasileiros e o se pensar o país.
Porque o não reativamento da escola do recife? Por não quererem que “os” pensem por “sí”? Ou por isto não realizar os intere$$es sistematizados? –São perguntas que vos deixo aqui para o amplo debate filosófico.
A verdade é que moramos num país em que os nossos filhos não têm o direito de conhecer o pensamento vivo dos nossos filósofos em sala de aula. Muito menos o acesso aos trabalhos dos filósofos brasileiros que são estudados e apreciados na Europa, Estados Unidos ou na China.
Deixo o prosseguimento deste debate para a próxima coluna. Pois por horas acho que persisto filosofando atoa.
“o pensar de um homem brasileiro não é diferente do pensar de um Sócrates, de um Nietzsche, de um Freud, de um Darwin, etc. o que faz a diferença é como ele ordena seus pensamentos, o que pode oferecer em beneficio dos seus semelhantes” (RINALDO DE FRANÇA LIMA)
-Célio limA
FILOSOFANDO À TOA.
OBS: Célio limA. É filosofo por natureza; anarquista por tesão e poeta por diversão. Membro fundador dos movimentos literanarkos: a Sociedade dos Filhos da Pátria; A Liga Espartakista-Sempre Mais!!!. Atua nos Blogs:http://salveopoetasalve.blogspot.com ; http://sexopoemaserocknroll.blogspot.com/ ; http://poetasdemarte.blogspot.com/ .
Atualmente cursa: FILOSOFIA-UFPE.